Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Caso Adriano: o mistério da queimadura que poderia indicar tortura

Caso será arquivado após quase quatro anos de investigação - mas mistérios estão longe do fim

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 16h25 - Publicado em 13 jan 2024, 16h19

Ao longo de 4.178 páginas de investigações militares, policiais e do Ministério Público da Bahia, nenhuma das autoridades incumbidas da apuração das circunstâncias da morte do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega conseguiu identificar o que causou uma queimadura, em formato circular, encontrada no peito do chefe do grupo de extermínio Escritório do Crime.

O ferimento, compatível como a marca do cano aquecido de uma arma de grosso calibre, é, para a família do ex-capitão do BOPE, o indício mais claro de que o militar foi torturado antes de ser abatido em uma operação policial no município de Esplanada, em fevereiro de 2020.

Instados a se manifestar sobre o que poderia ter causado a queimadura no tórax, peritos da Polícia Civil do Rio afirmaram que não poderiam confirmar a hipótese de uma arma longa aquecida ter sido usada para marcar o miliciano porque “desconhecem a dinâmica do evento”. Responsável pela exumação e pelos exames finais no corpo de Adriano um ano e meio após o assassinato, a Polícia Federal também não apresentou respostas para o ferimento porque o cadáver já apresentava diferentes graus de decomposição, inviabilizando uma nova investigação sobre as causas da ferida.

Para o Ministério Público da Bahia, que pediu o arquivamento do caso sem conseguir apontar se os três PMs que dizem ter entrado em confronto com o chefe do Escritório do Crime o executaram ou se agiram em legítima defesa, a falta de explicações convincentes sobre o ferimento impede que se tenha certeza sobre quem de fato está falando a verdade – se a família, que sustenta a hipótese de sevícias, ou os policiais, que negam tortura e afirmam ter havido uma troca de tiros.

“A existência de queimadura circular não explicada no corpo de Adriano da Nóbrega, que pode ter ocorrido ou não durante a Intervenção, e a não preservação da cena violenta, impedem a formação de uma ‘certeza absoluta’ ou ‘prova plena’, exigíveis para um arquivamento meritório análogo à absolvição sumária”, escreveram os promotores baianos ao pedir para que o caso, às vésperas de completar quatro anos sem solução, seja arquivado.

Continua após a publicidade

Outra ponta solta que por anos alimentou a conjectura de que não houve troca de tiros antes de Adriano da Nóbrega ser executado é a presença de um disparo que partiu de cima para baixo, entrou pela clavícula direita e saiu pelas costelas do miliciano.

A trajetória sugere que o alvo estava em queda ou já caído quando foi atingido, o que, alega a família, seria a prova de ter havido um tiro de misericórdia. Laudo do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, a que VEJA teve acesso, trata como “hipótese válida” a interpretação de que o ex-capitão do BOPE, alvejado por um primeiro tiro de fuzil, tenha se desequilibrado e recebido o segundo disparo, no peito, enquanto caía, sem que isso represente necessariamente que houve execução.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.