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‘Cenário difícil’, diz Moro sobre a saída de Teich; veja repercussão

Governador de SP, João Doria deu duro recado ao presidente da República sobre demissão do ministro da Saúde. 'Administre o país com equilíbrio'.

Por André Siqueira Atualizado em 15 Maio 2020, 14h45 - Publicado em 15 Maio 2020, 13h23
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  • O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, comentou, em seu perfil no Twitter, a demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich. “Cenário difícil, em plena pandemia, 13993 mortes até ontem. Números crescentes a cada dia. Cuide-se e cuide dos outros”, disse. Teich pediu exoneração do Ministério da Saúde na manhã desta sexta-feira, 15, antes de completar um mês no cargo.

    Em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que a demissão de Teich coloca o Brasil em um “caldeirão interminável” de crises e intrigas. Em sua declaração, Doria deu um duro recado ao presidente Jair Bolsonaro.

    “O Brasil acorda assustado com as crises diárias por agressões gratuitas à democracia, à Constituição, às instituições, ao Congresso, ao Supremo Tribunal Federal, à imprensa, xingamentos a jornalistas e a ministros de seu próprio governo. Como o senhor fez com fez com Gustavo Bebianno, com o Santos Cruz, com Sergio Moro, com Luiz Henrique Mandetta e agora fez também com Nelson Teich. Presidente Bolsonaro, governe. Administre o seu país com equilíbrio, com paz no coração, compreensão, discernimento e grandeza. Pare com agressões, pare com os conflitos, pare de colocar o país dentro de um caldeirão interminável de brigas e atritos. Para vencer a pandemia, o pais precisa estar unido e em paz”, afirmou em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

    Candidato derrotado do PT nas eleições presidenciais de 2018, Fernando Haddad afirmou que “tanto faz” qual será o nome escolhido pelo presidente da República para ocupar o cargo no Ministério da Saúde “enquanto Bolsonaro estiver presidente”.

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    Líder do PSL na Câmara dos Deputados, a deputada federal Joice Hasselmann (SP) afirmou que Bolsonaro quer “um capacho” para comandar a pasta da Saúde. “Teich mostrou que tem dignidade. Entrou com a boa intenção de ajudar e viu que as decisões tomadas pelo governo, a mando do presidente, são equivocadas e que significam vidas que estão sendo ceifadas. Neste ritmo, teremos carnificina. É mais uma tragédia do ponto de vista da saúde. Presidente está fazendo experiência com vidas. Não interessa o nome, Bolsonaro quer um capacho, alguém que vá cumprir os seus desmandos durante a pandemia. O próximo ministro precisa saber que será coparticipante de um massacre”, disse Hasselmann a VEJA.

    Líder do DEM na Câmara, o deputado federal Efraim Filho (DEM-PB) afirmou a VEJA que Teich “sai sem deixar saudades”. “A impressão que fica é que ele nunca assumiu. Teich saiu porque não se alinhou às preferências de Bolsonaro. Diferentemente de seu antecessor, Mandetta, não conseguiu em nenhum momento ser referência para a população, no sentido de dar um norte a ser seguido durante esta grave crise”, disse Efraim.

    O senador Major Olimpio, líder do PSL no Senado, disse a VEJA que “é impossível que alguém que se paute pela medicina tenha diálogo com Bolsonaro”. “Quando ele assumiu, disse que não duraria 30 dias. Infelizmente, acertei. Agora, Bolsonaro vai achar um lunático na área da saúde, um curandeiro, ou alguém que só conheça da burocracia. Ninguém da medicina vai querer jogar fora o seu histórico na área para defender e insistir em teses que são absurdas”, afirmou.

    Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz afirmou, em sua conta no Twitter, que “com método e paciência” Bolsonaro vai “destruindo o Brasil e semeando a morte e o descrédito”.

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    Governador do Rio de Janeiro e desafeto político declarado de Bolsonaro, Wilson Witzel afirmou que “ninguém vai conseguir fazer um trabalho sério” com as interferências do presidente da República nos ministérios e na Polícia Federal. Em um outro tuíte, Witzel disse que Teich “é mais um herói que se vai”.

    Veja outras repercussões:

    Deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), líder do partido na Câmara: “O pedido de exoneração de Teich, após menos de um mês da demissão de Mandetta e em plena escalada da pandemia, é muito grave. Essa dança de cadeiras é mais uma tentativa do Bolsonaro de tutelar todo e qualquer ministro para impor sua visão obscurantista, autoritária e contra a Ciência”.

    Deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), vice-líder do partido na Câmara: “Diante das imposições do presidente, só topará ser ministro da saúde quem não tiver compromisso com a ciência e nem com medicina. O pedido de demissão do ministro demonstrou que ele tem”.

    Deputado federal Junior Bozzella (PSL-SP): “O Teich foi mais uma vítima, mais um que não aguentou o comportamento irresponsável e infantil do presidente. Perder o ministro da Saúde num momento em que o Brasil se aproxima de 200 mil casos e ultrapassa 14 mil mortos é uma tragédia. Quantas pessoas mais terão que morrer para atender aos caprichos do presidente?”.

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    Senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE): “Bolsonaro não quer um médico para cuidar da saúde dos brasileiros. Quer um charlatão fanático. Ou um militar burocrático capaz de seguir ordens sem pensar. Dois ministros da saúde demitidos em plena pandemia não é só sinal de incompetência. É crime e está nas margens do homicídio”.

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