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Contador de Glaucos também fez imposto de renda de Lula e Marisa

João Muniz Leite afirmou que, apesar de ter levado os recibos a Glaucos, não sabe dizer se o aluguel do imóvel foi efetivamente pago

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 out 2017, 19h49 - Publicado em 20 out 2017, 18h31
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  • O contador João Muniz Leite confirmou a VEJA que trabalhou tanto para o empresário Glaucos Costamarques como para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No período entre 2011 a 2015, ele foi o responsável por fazer a declaração do imposto de renda dos dois.

    Primo do pecuarista José Carlos Bumlai, Costamarques comprou o apartamento vizinho ao do petista e celebrou um contrato de aluguel com a ex-primeira-dama Marisa Letícia no fim de 2010. A força-tarefa da Operação Lava Jato diz que o acordo foi uma farsa arquitetada para esconder uma transação espúria — o apartamento teria sido dado pela Odebrecht a Lula como pagamento de propina por favores na Petrobras; e Glaucos teria atuado como um laranja no esquema. Para corroborar essa alegação, a procuradoria afirmou que Lula só passou a pagar pelo imóvel em novembro de 2015, quando Bumlai, notório amigo do petista, foi preso na Lava Jato. A defesa do ex-presidente contestou a acusação, entregando ao juiz Sergio Moro 26 recibos do pagamento de aluguel — os documentos continham datas que não existiam e erros de português. Mesmo assim, conforme a defesa, são prova suficiente de que a locação foi paga.

    Posteriormente, Costamarques afirmou por meio de sua defesa que, enquanto estava internado no Hospital Sírio Libanês para fazer uma cirurgia cardiovascular, recebeu a visita do contador João Muniz Leite, que lhe trouxe os recibos referentes a 2015. Ele assinou os documentos de uma só vez, mas garantiu que não recebeu nenhum tostão do aluguel até o fim de 2015, o que reforçou a tese da procuradoria de que a locação era apenas um embuste.

    A VEJA, o contador afirmou que não sabe dizer se os pagamentos, de fato, foram realizados. “Eu fazia a contabilidade de ambas as partes, o imposto de renda de ambas as partes, eu tinha conhecimento de que um pagava e que o outro recebia. Agora, como pagava e em que local, aí eu desconheço. Eu atuava meramente como um executor do imposto de renda. Não era mentor nem controlador de absolutamente nada”, disse.

    Tanto Lula como Costamarques são réus no processo pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na 13ª Vara Federal de Curitiba. Já Leite não responde a ação e o seu nome só veio à tona agora por causa da polêmica dos recibos.

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    Contador experiente, Leite trabalha há catorze anos com o compadre de Lula, Roberto Teixeira, que também é réu no processo. Foi ele quem apresentou o contador a Costamarques, que, por sua vez, teria topado comprar o apartamento por um pedido de Bumlai. Apesar de serem primos distantes, os dois são amigos desde a infância e Costamarques é padrinho de um filho do pecuarista.

    Sobre os erros nos recibos, o contador disse que isso é um detalhe insignificante. “A pessoa talvez tivesse um arquivo único que mensalmente só modificava a data ou o mês. Isso é insignificante, a meu ver”, comentou.

    Atendendo a um ofício do juiz Sergio Moro, o Hospital Sírio-Libanês confirmou que o empresário ficou internado entre 23 de novembro e 29 de dezembro de 2015. Costamarques disse a Moro que só começou a ser pago pelo apartamento depois que recebeu uma visita de Teixeira no hospital. A instituição, no entanto, não encontrou nenhum registro de entrada do advogado.  Computou, entretanto, três visitas do contador e oito do filho de Bumlai.

    Apesar disso, a procuradoria elencou no processo os registros telefônicos de Costamarques que mostram que o escritório de advocacia de Teixeira ligou para ele dez vezes enquanto estava internado no hospital.

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