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Coronel Lima intermediou R$ 1 milhão em propina em nome de Temer, diz MPF

Denúncia aceita ontem pela Justiça, feita no âmbito do inquérito do 'quadrilhão do MDB', cita delatores do Grupo J&F e busca e apreensão

Por Reuters 10 abr 2018, 20h11

Ao apresentar denúncia contra o coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista de Lima Filho no âmbito do “quadrilhão do MDB”, o Ministério Público Federal (MPF) sustentou que ele intermediou o recebimento de 1 milhão de reais de propina em nome do presidente Michel Temer (MDB). Segundo a acusação pelo crime de organização criminosa, aceita ontem pela Justiça Federal do Distrito Federal, as vantagens indevidas teriam sido pagas pelo Grupo J&F. Coronel Lima se tornou réu ao lado do advogado e ex-assessor presidencial José Yunes e outras três pessoas.

“Seu papel na organização criminosa era o de auxiliar os demais integrantes do núcleo político na arrecadação da propina, em especial seu líder, Michel Temer, conforme já narrado na peça acusatória”, afirma o MPF, na acusação feita no dia 21 de março.

Recentemente, Lima e Yunes chegaram a ser presos de forma temporária por determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Operação Skala, um desdobramento do inquérito que investiga o próprio Temer por recebimento de propina na edição de um decreto que alterou regras em concessões portuárias.

A denúncia aceita ontem pela Justiça é um desdobramento, na primeira instância, da denúncia feita pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Michel Temer e outros aliados no ano passado. A acusação criminal foi barrada pela Câmara, mas o Ministério Público Federal pediu o desmembramento das investigações em relação a pessoas que não detinham foro privilegiado, como João Baptista Lima Filho e José Yunes.

Em março, procuradores da República da força-tarefa da Operação Greenfield confirmaram a denúncia feita por Janot e ainda acrescentaram novos acusados e fatos a partir de documentos coletados pela Operação Patmos, deflagrada em maio do ano passado depois de virem a público as delações premiadas de executivos do Grupo J&F.

A denúncia aditada cita relatos de delatores da J&F que apontam o coronel Lima como o receptor da propina em nome de Michel Temer. O ex-diretor de relações institucionais da JBS Ricardo Saud afirmou, em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), que Temer pediu a entrega de 1 de milhão de reais, em dinheiro vivo, numa empresa de Lima. Na busca e apreensão feita em um endereço do coronel, descobriu-se uma série de papéis que o relacionaram ao presidente.

“Tais elementos indicam que João Baptista Lima Filho faz a gestão do recebimento dos recursos e doações de campanha para Michel Temer há décadas e corroboram tudo o quanto exposto acerca das condutas mais recentes do coronel Lima no âmbito da organização criminosa”, afirma o MPF.

O Palácio do Planalto disse que não comentaria a acusação.

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