Expoente do bolsonarismo, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) minimiza o flerte de seu partido, o Republicanos, com cargos ofertados pelo governo Lula na formação de uma base de sustentação no Congresso, mas diz que o ingresso de correligionários em postos pontuais terá como consequência prática mostrar à sigla o verdadeiro DNA do PT. O Republicanos já ocupou a base de sustentação de uma administração petista com o Ministério do Esporte, mas, em 2016, apoiou o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Embora o mandachuva da agremiação Marcos Pereira tenha descartado uma adesão formal ao governo, Damares diz que qualquer movimento além a levará a reforçar sua posição de oposição ao Palácio do Planalto. “Eu acho até bom que aceitem cargos para verem de perto a caca que é esse governo. Em seguida vão sair correndo e farão oposição junto comigo”, disse ela a VEJA. Ela não explicou a que “caca” se referia.
Ligado à Igreja Universal e peça-chave do Centrão, o Republicanos oficialmente se declara independente, mas integra rodadas de negociação com o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) para a votação de pautas consideradas prioritárias para o Executivo, como o novo arcabouço fiscal. “O que vimos até agora foi apenas a reabilitação de antigos nomes envolvidos em escândalos e corrupção”, critica a senadora, ex-ministra dos Direitos Humanos de Jair Bolsonaro. “O PT desde que assumiu o governo muito fala e pouco faz. O resultado está aí com o balanço dos 100 dias. O que fizeram? Não têm o que mostrar e o povo já percebeu isso”, diz.
Pré-candidato à Presidência da Câmara dos Deputados em 2025, Marcos Pereira filiou nesta segunda-feira, 10, o prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, que apoiou Lula nas eleições de outubro e é aposta do petismo para a disputa ao governo fluminense em 2026. A mulher do político, Daniela Carneiro, ocupa o Ministério do Turismo e pediu autorização da Justiça Eleitoral para se desfiliar do União Brasil sem perder o cargo de deputada federal. Há ainda negociações para que indicados da sigla ocupem postos de segundo escalão.