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De olho na Presidência, Meirelles se filia ao MDB de Temer

Ministro da Fazenda quer disputar o Planalto, mas ingresso no partido traz embutido acordo para que ele apoie reeleição se Temer crescer nas pesquisas

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 3 abr 2018, 17h33 - Publicado em 3 abr 2018, 17h15

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, oficializou nesta terça-feira sua filiação ao MDB. Ele entra no partido com o objetivo de tentar viabilizar uma candidatura à Presidência pela sigla, mas terá um importante adversário interno: o presidente Michel Temer, que já declarou publicamente seu desejo de tentar reeleição para o cargo no pleito de outubro deste ano.

Meirelles negociou sua filiação ao MDB diretamente com Temer, que abonou a ficha de filiação do ministro junto com o presidente nacional do partido, senador Romero Jucá (RR). A ideia é que o partido continue trabalhando na pré-candidatura de Temer até julho. Se ela não vingar, Meirelles assume a cabeça de chapa.

Agora, caso o presidente se recupere da impopularidade e se torne um candidato competitivo, o hoje ministro da Fazenda seria o “plano A” para ser o candidato a vice. Henrique Meirelles decidiu mudar de legenda após seu antigo partido, o PSD, se encaminhar para apoiar a pré-candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

Enquanto Temer não se decide – ele tem até 15 de agosto para tomar uma decisão oficial -, o MDB quer usar o ministro como um “escudo” político para o presidente. Para isso, a legenda e o próprio Temer fazem questão de investir no discurso de que o ministro da Fazenda poderá, sim, ser o cabeça de chapa. Com isso, tentam evitar que Temer seja alvo único de opositores na vitrine do jogo político.

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Em discurso, Jucá ressaltou o trabalho de Meirelles à frente da Fazenda nos últimos dois anos. Disse que, graças à “competência” do ministro e ao “comando político” de Temer, o governo conseguiu conduzir o país da melhor forma possível e fazer coisas “inimagináveis”, que garantiram a recuperação da economia brasileira, mesmo com “tormentas, ataques e especulações”.

“Meirelles se coloca à disposição do partido para somar esforços e fazer com que tenhamos condições de ganhar as eleições. Temos muito em jogo nessas eleições de 2018 e é por isso que o MDB tem que ter candidatura. Temos que defender um legado, temos que buscar um caminho que faça com que o que foi alcançado até agora não se perca”, afirmou Jucá, que é líder do governo no Senado.

No ato de filiação, o ministro optou por não anunciar ainda oficialmente sua saída do cargo, embora o próprio Temer já tivesse confirmado uma semana atrás que Meirelles deixará o governo. O ministro só pretende oficializar a saída da Fazenda nesta quinta-feira, a dois dias do fim do prazo de desincompatibilização.

Jingle

Na cerimônia, o MDB fez questão de reforçar a união entre Temer e Meirelles. “M de Michel, M de Meirelles, M de MDB”, diz o refrão do jingle preparado pelo partido e divulgado nesta terça-feira. Já o slogan, estampado em um grande banner instalado no local da filiação, traz a frase “Nossa União nos Fortalece”, acompanhada de uma foto de Meirelles e de Temer.

Em todo o processo de negociação, Meirelles foi atropelado pelo MDB, que antecipou o anúncio da filiação dele ao partido e a  sua renúncia do comando da economia. O ministro queria conduzir o processo, mas acabou refém de Temer e de caciques emedebistas, que, em uma jogada calculada, tornaram praticamente impossível um recuo do ministro da decisão de deixar o governo.

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