Debate morno no Rio tem Castro atacado e Neves ‘como Ciro’
Embates entre os dois primeiros colocados nas pesquisas só ocorreram no quarto bloco
O debate da TV Globo com candidatos ao governo do Rio de Janeiro foi marcado por poucos lances de embate direto entre os dois primeiros colocados nas pesquisas eleitorais. Claudio Castro (PL) e Marcelo Freixo (PSB) pouco se enfrentaram em perguntas diretas. Pela ordem definida previamente em sorteio, o atual governador trocou muito mais perguntas com Rodrigo Neves (PDT), enquanto o pessebista interagiu com o o candidato do Novo, Paulo Ganime.
Além de tornar o debate morno, a estratégia fez com que Freixo perdesse a polarização. Uma “tabelinha” recorrente entre Neves e Castro, de certa forma, reproduziu a postura do presidenciável Ciro Gomes (PDT), que tem privilegiado os ataques ao PT, enquanto poupa de críticas o presidente Jair Bolsonaro.
Durante o primeiro bloco, ao perguntar para Marcelo Freixo, Rodrigo Neves aproveitou para fazer a crítica ao candidato pessebista pela esquerda. Questionou a aproximação do deputado federal e representantes do mercado financeiro, como o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Freixo respondeu que buscava a união no estado, unindo movimentos sociais aos banqueiros.
“Esse papo de união não convence ninguém. Os banqueiros já financiaram sua campanha. Essa contradição você precisa explicar às pessoas. Você sempre discursou em favor dos direitos humanos, mas não se posicionou contra as chacinas deste governo. Defendeu o juiz (Sérgio) Moro e agora pendura a candidatura no presidente Lula“, atacou Neves. Freixo se limitou a dizer que o candidato do PDT havia se rendido ao sectarismo, em seguida passou a mirar o governador Claudio Castro.
Sem ter com quem polarizar, Freixo seguiu mencionando o governador em suas respostas, mesmo quando provocado por Ganime. O candidato do Novo rebateu: “o Freixo tá falando muito do Claudio Castro, mas preciso lembrar quem é o marqueteiro dele, uma pessoa que teve de fazer delação premiada para se livrar da cadeia”, afirmou em referência ao publicitário Renato Pereira, que chegou a firmar um acordo com a Justiça reconhecendo que recebeu via Caixa 2 em campanhas anteriores.
Visivelmente nervoso e incomodado por ser o principal alvo dos adversários, Castro tentou contra-atacar: “Freixo é condenado pelo TRE porque mentiu. Faz três anos que ninguém apresenta provas contra mim”, disse após ter um direito de resposta concedido pela organização do debate. Ao ser questionado sobre os escândalos de corrupção de seu governo, saiu pela tangente: “Já respondi sobre tudo isso em todos os debates. Vamos falar de Rio de Janeiro”
O candidato do PL teve de voltar ao tema no segundo bloco quando o tópico sorteado para Ganime fazer perguntas foi “corrupção”. Novamente, tentou desviar a discussão ao chamar atenção para o governo digital como forma de combater os desmandos.
No quarto bloco, Freixo teve oportunidade de perguntar pra Castro. “Finalmente”, comemorou. O tema foi o combate ao crime organizado e Freixo lembrou que o secretário de Polícia Civil nomeado pelo governador, Allan Turnowski, foi preso por envolvimento com o jogo do bicho. Castro rebateu afirmando que o delegado era “uma das pessoas mais respeitadas na história da polícia”, dizendo que a campanha de Freixo era “a mais suja”.
A fala rendeu uma sequência de direito de respostas de lado a lado, colocando um pouco de pimenta no debate, mas quando isso aconteceu já passava da meia noite. Na reta final da campanha, é pouco provável que o encontro, sem ter sido capaz de gerar grandes novidades, tenha algum impacto nas intenções de voto.