Quase metade dos deputados federais eleitos neste ano é ideologicamente alinhada à direita, mostra levantamento inédito feito pela plataforma Ranking dos Políticos.
De acordo com a sondagem, dos 513 parlamentares escolhidos, 237 são considerados de direita (46,20%), enquanto 141 (27,48%) são de esquerda e 135, de centro (26,31%).
A classificação foi feita de acordo com o posicionamento de cada deputado nos últimos quatro anos em votações em projetos como o Marco Legal das Ferrovias, a Privatização dos Correios e a proposta que extingue as saídas temporárias a presos.
Para os deputados recém-eleitos e que, portanto, não votaram a respeito das matérias, o ranqueamento foi feito por critérios partidários.
Segundo a pesquisa, a região Centro-Oeste foi a que mais elegeu deputados de direita. Dos 41 eleitos, 30 (71,42%) são de direita, enquanto sete (16,66%) são de esquerda e cinco, de centro (11,9%).
Dentre os 65 deputados federais eleitos pela região Norte, 39 (60%) são considerados de direita, 20 (30,76%) de centro e apenas 6 (9,23%) de esquerda.
Já entre os 77 escolhidos na região Sul, 42 (54,54%) são de direita, enquanto 20 (25,97%) são de esquerda e 15 (19,48%), de centro.
No Sudeste, que concentra os maiores colégios eleitorais do país — São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro — dos 178 deputados eleitos, 83 (46,62%) são de direita, 57 (32,02%) de esquerda e 38 (21,34%), de centro.
A sondagem mostra que a disputa no Nordeste foi a mais acirrada. Dos 151 deputados federais eleitos, 57 (37,74%) são de centro, 51 (33,74%) de esquerda e 43 (28,47%) de direita.
Para Gláucio Dias, diretor-geral do Ranking dos Políticos, há uma boa explicação para o aparente paradoxo de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter largado na frente após o resultado do primeiro turno das eleições apesar de a maioria dos eleitores terem escolhido candidatos não alinhados ao petista.
Pesquisa do Ipec divulgada na última segunda-feira, 10, aponta que o ex-presidente tem 51% das intenções de votos, contra 42% de Jair Bolsonaro (PL). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
“O voto do eleitor para a Presidência é personalista, ou seja, voltado à pessoa do Lula e não propriamente nas ideias de esquerda. A tendência ideológica da população brasileira não se conecta com a escolha do chefe do executivo”, diz.
Dias ainda reforça que os dados representam uma tendência do movimento liberal e conservador iniciado em 2014 — durante a campanha e após a reeleição de Dilma Rousseff (PT) –, que se acentuou em 2018 — quando da vitória de Bolsonaro — e que ganhou nas eleições deste ano.
“Mesmo com uma eventual vitória de Lula, o crescimento da ideologia liberal e conservadora tende a continuar. É provável que ele tente equilibrar, mas não vai ter forças para anular. Hoje há mais deputados federais com pautas liberais do que há dez anos”, analisa o diretor do Ranking dos Políticos.