Morta no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 30, aos 72 anos, a cantora Beth Carvalho teve uma carreira ligada à política e à esquerda, particularmente a PDT e PT, nas figuras de Leonel Brizola e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. “O samba é mais de esquerda, é o povo. Nelson Sargento é de esquerda, Cartola também era”, declarou em uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em 2015.
Brizolista declarada, a Madrinha do Samba se dividiu entre o pedetista e Lula nos dois turnos da eleições de 1989, quando Fernando Collor de Mello foi eleito. Em 1994 repetiu o voto e, em 1998, esteve ao lado da chapa que teve o petista e Brizola e foi derrotada ainda no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso.
A partir de então, com o protagonismo do PT entre a esquerda no plano nacional, Beth aderiu de vez ao petismo. Entre 2002, ano da primeira vitória presidencial de Lula, até 2018, quando o PT foi derrotado por Jair Bolsonaro, ela declarou voto e fez campanha pelos candidatos do partido a presidente.
Em 2006, quando o ex-presidente seria reeleito para seu segundo mandato e não havia Brizola para dividir-lhe a opção, ela declarou à Folha de S. Paulo que votaria em Lula “desde o princípio”. “A outra opção [Geraldo Alckmin] é inviável. PSDB, FHC e Alckmin, Deus me livre!”, provocou.
Em 2010, Beth Carvalho assinou manifesto de artistas e intelectuais em apoio à candidatura de Dilma. Quatro anos depois, apareceu no programa eleitoral da ex-presidente na televisão e foi a atos de campanha. “Deixa a Dilma me levar, Dilma leva eu”, cantou, em um evento no Rio de Janeiro, parodiando o samba Deixa a Vida me Levar.
“Eu voto na Dilma, como votei. Acho que ela fez um excelente governo, seguiu os caminhos do Lula, continuou com o Bolsa Família, criou o Mais Médicos, o Minha Casa, Minha Vida, se preocupou com a integração da América Latina”, disse a cantora no horário eleitoral. Ela ainda apareceu cantando um jingle que pedia “Dilma novamente” na TV.
Dois anos depois, Beth Carvalho também foi uma das vozes contra o impeachment de Dilma Rousseff, que a sambista classificou como “golpe” e rendeu um samba. “Não vai ter golpe de novo, reage, reage meu povo”, dizia a letra, entoada por Beth em um evento no Rio de Janeiro em abril de 2016, com as presenças de Lula e Chico Buarque, entre outros (veja abaixo).
A prisão de Lula, outro momento dramático para o PT, foi mote para mais samba político de Beth Carvalho, no qual ela cantava que “o povo quer, o povo decide o povo diz, nós queremos Lula andando livre no país”. Em 1º de maio de 2018, a cantora chegou a ir a Curitiba para um ato organizado pelo PT e centrais sindicais contra a prisão do ex-presidente.
Na eleição de 2018, ela também declarou voto na chapa composta por Fernando Haddad e Manuela D’Ávila (PCdoB). “Eu sou Beth Carvalho, sou mulher, sou Haddad, sou Lula, sou Manuela, sou do samba e sou Brasil”, declarou em um vídeo. Ainda durante a campanha do ano passado, Beth convocou mulheres para o ato #EleNão, contra Jair Bolsonaro. “Mulheres do Brasil, dia 29 todos nós e todas nós nas ruas do Brasil e aqui no Rio de Janeiro, na Cinelândia, às 15h, todo mundo lá contra o Bolsonaro”, conclamou.
Após a morte da Madrinha do Samba, o PT e o PDT, assim como o perfil oficial de Lula, publicaram no Twitter homenagens a Beth de Carvalho: