Doria muda tom e já admite disputar prévias com Alckmin no PSDB
Prefeito de São Paulo vinha dizendo que não existia a 'menor hipótese' de concorrer com o governador paulista à indicação do partido para 2018
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), mudou o tom do discurso que vinha empregando para tratar da possibilidade de concorrer às eleições presidenciais de 2018. Nesta terça-feira, o tucano admitiu que poderá disputar prévias com o governador paulista, Geraldo Alckmin, para ser o candidato escolhido pelo partido.
Doria disse diversas vezes que não existia a “menor hipótese” de enfrentar Alckmin – seu padrinho político – nas prévias do PSDB. Ele chegou a cogitar até uma mudança de partido caso não houvesse outra forma de ser o indicado para concorrer ao Palácio do Planalto. O relacionamento entre Doria e Alckmin se deteriorou consideravelmente desde que o prefeito passou a articular sua candidatura à Presidência nos bastidores do PSDB.
“Eu tenho, pessoalmente, muito constrangimento, porque gosto do governador Alckmin, é meu amigo e por quem mantenho profunda admiração. Preferiria não, mas o tempo vai dizer, temos até dezembro, início de março, para formatar isso”, disse o tucano, que fez o discurso de abertura do Fórum Latino-Americano de Liderança Estratégica em Infraestrutura, em São Paulo.
Na segunda-feira, Doria e Alckmin participaram de um almoço no Lide, um grupo de lideranças empresariais, que contou com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No evento, FHC defendeu a “união” dos potenciais candidatos tucanos ao Planalto e disse entender que março seria uma data-limite para a realização de prévias dentro do partido.
O prefeito disse não ser contra a realização de prévias nacionais, mas defendeu o uso de pesquisas de intenção de voto, as quais considera um instrumento “bom e legítimo para se ter a avaliação dos candidatos”. Segundo Doria, intenção de voto, rejeição e grau de conhecimento são fatores que podem ajudar o PSDB a escolher seu candidato. O prefeito também reiterou o discurso de FHC no evento da véspera, afirmando que o “PSDB continua e continuará unido”.
Privatização da Petrobras
Doria também defendeu nesta terça-feira uma privatização gradual da Petrobras e uma fusão entre o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, estatais controladas pelo governo federal. Segundo o tucano, as medidas ajudariam a deixar o estado menos inchado e mais eficiente e reduziriam os riscos de corrupção.
“Acredito e defendo uma privatização gradual da Petrobras. Ela tem tantos braços e tentáculos que é até difícil de elencar a quantidade de empresas dominadas por ela”, declarou Doria. “Defendo uma gradual desestatização para que não haja prejuízo estratégico ao Brasil ou ao seu corpo funcional, que é bom e sério, mas foi muito afetado pelo assalto do PT nesses treze anos.”
Sobre os bancos públicos, o prefeito paulistano afirmou que o ideal seria uma fusão para evitar “a sobreposição e o uso político também”. “Não vejo razão de o Brasil ter dois bancos”, declarou. Questionado se essa fusão poderia acarretar a privatização dos bancos, Doria disse que, “nesse caso, pode ser uma instituição pública, mas, ao invés de duas, uma”.
(Com Estadão Conteúdo)