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Doria pede abertura de investigação contra a ativista Sara Winter

Defesa do governador alega que a militante de extrema-direita, investigada no inquérito das fake news contra o STF, praticou os crimes de difamação e ameaça

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jun 2020, 14h22 - Publicado em 1 jun 2020, 14h04

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), entrou nesta segunda-feira, 1º, com um pedido de instauração de inquérito contra a influenciadora digital e ativista de extrema direita Sara Fernanda Geromini, conhecida como Sara Winter.

A notícia-crime, elaborada pelo advogado Fernando José da Costa, pede que a Polícia Civil apure 31 supostos crimes de difamação e um de ameaça feitos a Doria por meio de publicações no Twitter. Winter já é investigada no inquérito que apura ameças e fake news contra o Supremo Tribunal Federal (STF), tendo sido um dos alvos de busca e apreensão na operação da Polícia Federal da semana passada.

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Em suas publicações, Winter chama Doria de “mau caráter”, “sádico”, “oportunista”, “Botox ambulante” e “escalador político”, entre outras ofensas. Em um post de 10 de abril, ela afirmou que o tucano estaria inflando o número de mortes por Covid-19 para se beneficiar politicamente da crise sanitária — o governador, defensor do isolamento social,  difere diametralmente do presidente Jair Bolsonaro, no combate à pandemia.

Bolsonarista ferrenha, Winter é a principal porta-voz do controverso grupo “300 do Brasil”, que armou um acampamento em Brasília em apoio a Bolsonaro e vem realizando atos contra o STF e o Congresso Nacional. A mais recente e esdrúxula manifestação ocorreu na madrugada do domingo 31, em frente ao STF. Winter e seus colegas usavam máscaras e portavam tochas, encenação que lembrou atos do grupo supremacista branco americano Ku Klux Klan, atuante no século passado, e as marchas racistas de Charlotesville, em 2017, também nos Estados Unidos.

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Em maio, Winter admitiu que o “300 do Brasil” mantém armas dentro do acampamento na capital federal. “Em nosso grupo, existem membros que são CACs (sigla para Colecionador, Atirador e Caçador), outros que possuem armas devidamente registradas nos órgãos competentes. Essas armas servem para a proteção dos próprios membros do acampamento e nada têm a ver com nossa militância”, afirmou em entrevista ao site da BBC

A defesa de Doria considera que Winter ameaçou o governador em uma postagem feita em 5 de abril, quando perguntou pelo Twitter quem sabia o endereço da casa do tucano, e, em seguida, convocou o povo brasileiro para ir até a porta de sua casa e infernizar sua vida”.

Candidata derrotada a deputada federal pelo DEM fluminense nas eleições de 2018, Winter se autodeclara ex-feminista, analista política e conferencista internacional. No pedido de abertura de inquérito, os advogados de Doria afirmam que a ativista se caracteriza por fazer declarações e manifestações de cunho conservador e de extrema-direita, já tendo supostamente se associado, inclusive, a movimentos neonazistas. “Depreende-se tal perfil até mesmo em virtude do nome adotado pela noticiada, que coincide, curiosamente, com o nome de Sarah Winter née  Domville-Taylor’, pessoa esta que foi espiã de Hitler e membro da União Britânica de Fascistas no século XX”, diz a petição.

Ex-ativista do grupo ucraniano Femen, Winter viajou à cidade de Kiev, na Ucrânia, aos 19 anos de idade, com o intuito de receber treinamento e conhecer uma das líderes do grupo, Inna Shevchenko. Segundo a notícia-crime, “apesar de ter abandonado a causa em 2013, a noticiada ainda manifesta peculiar apreço pelo ‘treinamento’ ucraniano, ao ter afirmado, na data de 20.04.2020, em postagem na rede social do Twitter ‘Fui treinada na Ucrânia e digo: chegou a hora de ucranizar! #Fechados com Bolsonaro’”.

 

De ex-feminista, tendo posado nua em diversos ensaios fotográficos, Winter se transformou em católica ultraconservadora e obcecada pelo combate ao aborto. Participou do governo Bolsonaro como secretária da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos).

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