Doria pede para PSDB acalmar os ânimos e antecipar eleições
Declarações ocorrem após uma reunião do presidente licenciado do partido, Aécio Neves, com Michel Temer criar novas cisões no partido
O prefeito de São Paulo, João Doria, declarou nesta segunda-feira que o PSDB precisa “acalmar os ânimos” e antecipar as eleições que escolherão o novo presidente da sigla. As declarações do tucano são uma resposta à nova crise aberta no partido. Um encontro entre o senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado da legenda, e o presidente Michel Temer (PMDB) provocou cisões entre aliados e opositores do mineiro.
Doria já vinha articulando nos bastidores para antecipar as eleições da Executiva Nacional do PSDB, previstas para acontecer em dezembro. O prefeito telefonou para aliados e defendeu a proposta no início de agosto, após a divulgação da prévia do vídeo em que o partido admitia erros, sem dizer quais eram eles. O programa, transmitido em rede nacional, foi idealizado pelo presidente em exercício da sigla, senador Tasso Jereissati (CE), e irritou os caciques tucanos que não foram consultados.
“Acho que o PSDB precisa de serenidade, acalmar um pouco os ânimos. Acredito na antecipação [das eleições], que é a minha proposta, antecipar de dezembro para outubro. Com isso não machucamos ninguém, nem Aécio nem Tasso, e permitimos uma oxigenação na Executiva Nacional, abrindo espaço para os prefeitos eleitos em 2016, para novos parlamentares, compondo com nomes experientes do PSDB. E, se possível, mantendo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como presidente de honra”, disse Doria à Rádio Bandeirantes.
As eleições internas ditarão os rumos que o PSDB tomará na escolha do candidato à Presidência da República nas eleições de 2018. Em cronograma divulgado no sábado, Jereissati estipulou que a indicação do postulante ao Planalto deverá ocorrer no dia 9 de dezembro. Caso haja mais de um nome interessado em concorrer, a sigla realizará prévias em fevereiro de 2018.
Doria não admite publicamente, mas está em uma disputa silenciosa com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para ser o indicado do partido à disputa pela Presidência. Nesta segunda, o prefeito reafirmou que não disputará prévias com seu padrinho político. Doria declarou que conversa todo dia com o governador e que a relação entre eles é “a melhor possível”. Reportagem de VEJA publicada na última semana revelou que os dois se afastaram e mal conversam.
Viagens
Para ampliar seu cacife político, Doria intensificou a agenda de viagens pelo Brasil e participou de diversos encontros em cidades do Nordeste, Norte, Sul e do interior de São Paulo. Na entrevista, o prefeito disse que só disputará a presidência do time pelo qual torce, o Santos Futebol Clube. “Viagens fazem parte da gestão de qualquer homem público”, justificou.
Perguntado se havia abandonado a prefeitura paulistana para levar adiante sua agenda de viagens, Doria afirmou que em oito meses de gestão fez mais do que seu antecessor, o petista Fernando Haddad. “Eu comando a prefeitura de São Paulo. Qual é o problema de viajar?”, indagou. “Eu sou diferente, eu sou moderno. Não sou antigo, eu uso a tecnologia para administrar a cidade.”