O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) comentou, na madrugada desta quarta-feira 13, as investigações sobre o caso Queiroz, que envolvem seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Em entrevista para a Rede TV!, ele acusou a imprensa de fazer uma cobertura imparcial para atacar sua família e afirmou que, se o inquérito envolvesse “uma pessoa comum”, já teria sido arquivado.
“Aguardamos as investigações sem problema nenhum. Estou bem tranquilo, o Flavio e o presidente [Jair Bolsonaro, pai dos dois] também. Se fosse uma pessoa comum, não fosse o filho do presidente, esse caso já estaria arquivado”, disse.
O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga movimentações financeiras suspeitas do ex-motorista Fabrício Queiroz, que trabalhava no gabinete de Flavio, apontadas em um relatório do Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf). Eduardo vê poucas provas de que seu irmão tenha cometido alguma irregularidade e acusa a imprensa de distorcer os detalhes apurados.
“Dinheiro ilícito não tramita em conta bancária. O jornalista coloca as palavras ‘político’, ‘1 milhão’ e ‘investigação’ e todos caem em cima. Por exemplo, sobre a denúncia de que ele recebeu 1 milhão de reais em um título da Caixa, esse 1 milhão é de um apartamento que ele comprou na planta e deu o nome do comprador, que confirmou. Será que as pessoas que estão na própria investigação ou jornalistas não sabem disso? É ingenuidade achar que não, lançam como se fosse o maior escândalo do mundo”, alegou o deputado.
Para ele, os rumos das investigações não devem desgastar o presidente: “estamos falando de um ex-assessor de um filho do Bolsonaro. Isso não macula a imagem do presidente e tampouco as medidas. Cabem explicações do próprio ex-assessor”.
Alegando perseguição ao governo, Eduardo admitiu evitar determinados jornalistas de veículos que considera como “extrema imprensa”: “se atender certos jornalistas, vão começar a puxar problemas e fazer uma entrevista toda sobre o caso Queiroz. Respondo sobre isso também, mas não deve ser só isso. Não posso admitir que essas sejam as únicas pautas existentes no Brasil, por vezes até criando tipos de intrigas, como se os filhos estivessem contra os generais”, disse.
“Falta traquejo político para o Mourão, mas ele não é desleal”
Segundo Eduardo, uma das “invenções” da imprensa seria a informação de que ele e outros nomes próximos ao presidente Jair Bolsonaro possuem uma má relação com o vice-presidente, Hamilton Mourão.
“Minha relação com o Mourão é a melhor possível. As críticas do Steve Bannon e do Olavo de Carvalho sobre ele não vieram de mim. Com o passar do tempo, o Mourão vai pegar o traquejo político. Ele é inteligente, fala de qualquer assunto e definitivamente não é desonesto e desleal. Sabemos que não vai dar um golpe ou desgastar o governo Bolsonaro, isso [experiência política] se pega com o tempo. Ele vai pegar isso e ser um grande vice”, ponderou.
Questionado sobre o motivo de seu pai, Jair Bolsonaro, despachar de dentro do hospital durante o período em que está internado, Eduardo rechaçou qualquer desconfiança a Mourão.
“Ele [Jair Bolsonaro] é workaholic, por isso está trabalhando do hospital. Podia ser o Rui Barbosa o vice-presidente que ele iria assumir do hospital, mesmo descumprindo ordens dos médicos. Isso que falam é mais especulação que desconforto para nós”, afirmou o deputado
Quando perguntado sobre a oposição, Eduardo disse que, “se o governo Bolsonaro falhar”, o Brasil corre o risco de ser governado novamente pelo PT e “andar a passos largos para o que acontece hoje na Venezuela”. Apesar disso, admitiu ser possível dialogar com partidos de esquerda em certas pautas.
“Acho que dá para, em alguns pontos – não em todos -, chegar no meio-termo com a esquerda. Por exemplo, não temos como reconhecer o MST como um movimento justo que busca a reforma agrária, eles são um exército da esquerda. Mas, se falarmos sério de reforma agrária, temos como avançar”, analisou.
“Aproximação com os Estados Unidos é natural”
O deputado comentou também sobre a política externa e defendeu que o Brasil lidere um processo para que outros países da América Latina transfiram suas embaixadas em Israel para Jerusalém. O risco de gerar desgaste com as nações árabes foi minimizado: “o Brasil não pode ser mais um anão diplomático, ter medo de ataque terrorista e baixar a cabeça. Os povos árabes, no final do dia, vão querer fazer comércio com o Brasil. As relações lá mudaram muito, Israel não é mais visto como inimigo por todos eles”.
A aproximação com os Estados Unidos foi descrita com uma tendência “natural” por Eduardo Bolsonaro. Embora ressalte que manterá boas relações com a China, ele fez uma análise histórica para defender seu ponto: “em apenas dois momentos os Estados Unidos não foram o principal parceiro econômico do Brasil. Nos anos 30, com Vargas próximo da Alemanha Nazista, e agora, também por questões ideológicas, com a China como maior parceria. Se respeitarmos as regras do livre mercado, é quase natural que os maiores parceiros sejam os Estados Unidos”.
Ainda na entrevista, o filho do presidente disse estar otimista sobre a aprovação da reforma da Previdência e declarou que o projeto pode correr em paralelo, no Congresso, com o pacote anticrime apresentado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro – sem necessidade de priorizar um projeto a outro.
“Acredito que o pacote anticrime pode ser um excelente termômetro para testar como se comportam os deputados. A reforma da Previdência, por ser um assunto complexo, exige maior debate. Eles podem andar de maneira simultânea, sem dúvidas”, disse o deputado.