Eleições 2022: Bolsonaro foi campeão de doações e Lula, de uso do Fundão
Financiamento de empresas a candidatos está proibido desde 2015, mas empresários têm tido participação ativa no pleito ao fazer doações individuais
O presidente derrotado Jair Bolsonaro foi o campeão de doações de pessoas físicas nas eleições deste ano, enquanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva liderou os repasses do Fundo Eleitoral, o chamado Fundão, aponta o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo dados da Corte, dos 108,2 milhões de reais recebidos pela campanha de Bolsonaro, 88,2 milhões foram repassados por doações individuais. Desse total, a maior quantia — 3 milhões de reais — foi transferida por Fabiano Zettel, advogado, pastor evangélico e palestrante. Na sequência, aparecem o empresário José Salim Mattar, com 1,8 milhões de reais, e Hugo de Carvalho Ribeiro, cunhado do ex-ministro Blairo Maggi, com a transferência de 1,2 milhão de reais.
O atual presidente ainda recebeu 14,7 milhões de reais do fundo partidário e 2 milhões de reais do fundo eleitoral do PL.
Ambos os fundos são fontes de recursos públicos para partidos políticos. O fundo eleitoral é voltado exclusivamente ao financiamento de campanhas eleitorais e é distribuído somente no ano da eleição, enquanto o fundo partidário é destinado à manutenção das siglas, sendo distribuído mensalmente.
Lula, por sua vez, ultrapassou Bolsonaro nos recursos totais recebidos neste ano — foram 133,7 milhões de reais. Deste total, no entanto, apenas 2,8 milhões foram repassados de doações de pessoas físicas, enquanto 122 milhões foram provenientes do fundo eleitoral do PT. De financiamento coletivo foram recebidos cerca de 6,8 milhões de reais.
O maior doador individual do petista foi Altair de Jesus Vilar Guimarães, com aporte de 600.000 reais — o empresário já foi processado pelo PT, no passado, por infidelidade partidária, ao deixar a sigla para filiar-se ao PSB.
Na sequência, está o empresário José Seripieri Filho, fundador da rede Qualicorp e dono da QSaúde, que repassou 500.000 reais à campanha de Lula.
O financiamento de empresas aos candidatos a cargos eletivos está proibido pela Justiça Eleitoral desde 2015, mas, como pode-se observar, empresários têm tido participação ativa no pleito ao fazer doações individuais aos candidatos.