Antes de embarcar para São Tomé e Príncipe, Lula participou de uma coletiva de imprensa em Angola, neste sábado, 26. Ele defendeu mais parcerias com os países africanos e lembrou do FIDA, um projeto de US$ 340 bilhões de infraestrutura na África, com bancos de desenvolvimento como o BID e o BNDES, que acabou não se concretizando. Um dos gargalos para acelerar o desenvolvimento dos países africanos, segundo o presidente brasileiro, é a dívida com o Fundo Monetário Internacional, estimada em cerca de US$ 760 bilhões.
“Agora estou com a ideia de que é preciso começar uma nova briga, que é a seguinte: o continente africano deve para o FMI por volta de US$ 760 bilhões. Essa dívida vai ficando impagável, porque o dinheiro do orçamento nunca dá para pagar dívida e o problema vai sempre aumentando”, avaliou Lula.
“A lógica é tentar sensibilizar as pessoas que são donas dessa dívida, para que seja transformada no apoio à infraestrutura: o dinheiro da dívida, em vez de pago, que seja investido em obras de infraestrutura. Você pode anular essa dívida, que eu acho que vai ser impossível anular uma dívida de US$ 760 bilhões, ou você pode prorrogá-la até que esses países adquiram condições de poder voltar a pagar. Temos de encontrar uma solução porque não dá para que a gente continuar do mesmo jeito”, afirmou.
Em seus discursos, Lula tem comentado a gestão das dívidas externas pelo FMI. No começo de agosto, criticou a atuação do órgão na Argentina. O brasileiro disse que o Fundo Monetário Internacional não considerou o impacto da seca na produção agropecuária do país vizinho e que “o FMI deveria ter um pouco de paciência”.
“A Argentina deixou de vender alguns bilhões de dólares. E o FMI poderia levar em conta e não ficar com a espada em cima da cabeça do presidente da Argentina”, declarou na ocasião Lula, que é aliado do argentino Alberto Fernandez.
Lula deve desembarcar em Brasília por volta das 23h de domingo, 27. Em São Tomé e Príncipe, ele participa da Cúpula dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).