Em carta, Ciro diz que PT não é inimigo: ‘Muita calma nessa hora’
Candidato do PDT pediu aos seus eleitores compreensão ao momento do partido e que se concentrem contra a agenda representada pelo governo Temer
O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, defendeu, em carta aberta divulgada nesta sexta-feira, a união de partidos do que chamou de campo progressista para as eleições deste ano e criticou as articulações da cúpula do PT para isolar a sua candidatura.
“A cúpula do PT terá de se haver perante a história com as consequências de seus atos de agora. Lamentemos, mas nossas baterias devem permanecer apontadas contra a reação nazi-fascista ou o neoliberalismo entreguista da turma Temer, PSDB, PMDB. Estes são os inimigos da pátria”, escreveu.
Embora reforce acreditar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, não conseguirá ser candidato, Ciro pede compreensão para o “péssimo momento que a burocracia do PT está vivendo” — o partido confirmará a candidatura do petista em convenção neste sábado.
“Não aceitemos a armadilha de nos empurrarem para o conservadorismo ou para a violação de nossos valores, muito menos por alguns — ainda que preciosos — segundos de propaganda na TV. Em nenhuma hipótese é o PT o nosso inimigo!”.
Ciro ainda afirma que, se Lula pudesse ser candidato, “muito provavelmente” estaria ao lado do petista. “Se for verdade que Lula será candidato, conversemos; se não for, por favor, Brasil: muita calma nessa hora! Nosso país não aguentará outra aposta no escuro”, conclui.
“Poste”
Mais cedo, em agenda no Rio de Janeiro, Ciro disse que o PT se aproveita do carinho e da gratidão do povo em relação a Lula para “enganar a população” na apresentação de um candidato.
“Eles querem criar uma comoção no país para que, no dia em que o Lula for tornado inelegível, eles apontem outro poste. A grande questão é se o Brasil aguenta outro poste, ou parte grande da situação que vivemos hoje devemos a escolha de um poste pelo Lula”, afirmou.
Ciro também também avaliou que o PT o vê como “grande ameaça”. “A única coisa que explica esse gesto é eles acharem que eu sou a grande alternativa de renovação do campo progressista brasileiro, depois que o Lula claramente não vai ser candidato, ou não vão deixar ele ser”, disse.
(com Estadão Conteúdo)