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Em carta, Maia desiste da Presidência e confirma apoio a Alckmin

Fora da disputa pelo Planalto, ele anunciou que será candidato a um novo mandato como deputado federal, de olho em mais 2 anos comandando a Câmara

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 jul 2018, 11h48

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), desistiu oficialmente de disputar a Presidência da República em uma carta, na qual confirma a sua decisão de apoiar o nome de Geraldo Alckmin (PSDB) nas eleições de 2018. O documento foi lido pelo presidente nacional do DEM, o prefeito de Salvador ACM Neto, durante o ato em Brasília no qual o grupo conhecido como Centrão aderiu à candidatura do tucano.

“A decisão conjunta que tomamos, hoje anunciada formalmente para o país, foi a de unir nossos esforços e nossos ideais em torno do nome de Geraldo Alckmin, do PSDB. A biografia de Alckmin saberá honrar os projetos, os anseios, a experiência e o espírito público e republicano que nossas legendas reúnem como patrimônio político de rara força e coesão no Brasil”, escreveu Maia.

Ele agradeceu aos partidos que participaram da construção da sua pré-candidatura, as quatro demais legendas do Centrão (PP, PR, PRB e Solidariedade) e aos nanicos PHS e Avante. Os dois últimos ainda não anunciaram se vão também apoiar a candidatura de Alckmin.

Na mensagem, Rodrigo Maia ressaltou a “oportunidade” que teve de viajar pelo país e “constatar de perto avanços e retrocessos em todo o nosso território”. Maia confirmou que, diante da retirada da pré-candidatura ao Planalto, vai disputar a reeleição como deputado federal. Parte do acordo do Centrão com Alckmin é a articulação para o apoio de um futuro governo do tucano à recondução dele como presidente da Câmara em fevereiro do ano que vem.

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‘Centro democrático’

O deputado do DEM esteve ausente do evento em virtude da viagem do presidente Michel Temer (MDB) à África do Sul para a cúpula do bloco dos Brics. Como ele é o primeiro na linha sucessória do Planalto, se assumisse a Presidência, mesmo que de forma interina, se tornaria inelegível para disputar um novo mandato no Legislativo.

Rodrigo Maia defendeu o bloco ao qual o DEM se incorporou nas últimas semanas e argumentou em favor da denominação de “centro democrático”. Segundo ele, é centro porque é “o ambiente em que políticos de todos os matizes podem sentar e dialogar para construir consensos”. E é democrático, pois “jamais deixou-nos fugir a certeza de que não há outro caminho que não seja a política”.

Íntegra

“Meus amigos e amigas do Democratas, do PP, do PR, do Solidariedade, do PRB, do PHS e do Avante, nos quatro últimos meses tivemos um convívio ainda mais intenso do que o habitual.

Agradeço o apoio incondicional que recebi de todos, e de cada um de vocês, na tentativa de consolidar minha candidatura à Presidência da República. Agradeço, sobretudo, porque esse apoio vem sendo dado a mim e àquilo que tento representar: a crença incondicional na força da Democracia e da Política para superar todas as adversidades desse momento singular, duro e difícil da vida nacional.

A decisão conjunta que tomamos, hoje anunciada formalmente para o país, foi a de unir nossos esforços e nossos ideais em torno do nome de Geraldo Alckmin, do PSDB. A biografia de Alckmin saberá honrar os projetos, os anseios, a experiência e o espírito público e republicano que nossas legendas reúnem como patrimônio político de rara força e coesão no Brasil.

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A oportunidade que recebi como delegação de vocês permitiu-me voltar a viajar pelas cinco regiões brasileiras, algo que fiz com frequência e com prazer quando fui presidente do DEM, e constatar de perto avanços e retrocessos em todo o nosso território.

Voltei ao sertão nordestino, estive na cidade natal de minha família, a paraibana Catolé do Rocha. Vi a esperança no olhar forte dos sertanejos. Regressei ao Amazonas, a Manaus, onde testemunhei as possibilidades e os desafios do crescimento econômico com sustentabilidade. Constatei, nas planícies intermináveis do Centro Oeste, o imenso retorno que o agronegócio vem dando à nossa economia e ao nosso desenvolvimento.

E é claro que rodar o Brasil também fez com que se tornasse mais aguda a minha visão dos gargalos que travam o país, da miséria que nos envergonha e da insegurança que nos amedronta e nos atormenta.

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A logística do Brasil é precária e reduz nossa competitividade industrial, além de nos impor perdas enormes no setor agropecuário. A violência se espalhou de forma epidêmica pelas metrópoles, pelas cidades médias e até mesmo no interior antes tão pacato.

Em muitos estados o crime organizado parece vencer o Estado. A desigualdade social é quase uma afronta pessoal numa Nação onde 13,4 milhões de pessoas vivem em situação de extrema pobreza e onde metade dos trabalhadores ainda recebem menos do que um salário mínimo por mês. É triste, é revoltante, constatar que a mortalidade infantil voltou a crescer entre nós, e que doenças outrora erradicadas voltaram a ameaçar o contágio da população brasileira – como o sarampo e a pólio, por exemplo.

São essas desigualdades, são esses retrocessos capazes de escrever tragédias particulares no seio das famílias brasileiras, que me levam a trilhar com vocês o caminho da unidade em torno de um projeto político que hoje parece o mais viável para evitar marchas-à-ré ainda maiores e mais trágicas para o Brasil.

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A História não nos dá o direito de andar para trás. Tenham certeza disso minhas amigas e meus amigos dos partidos que compõem, com o DEM, aquilo que corretamente chamamos de Centro Democrático.

É centro porque é o ambiente em que as pessoas não abrem mão de seus princípios nem de suas ideias. É o ambiente em que políticos de todos os matizes podem sentar e dialogar para construir consensos. Se o consenso não for possível, para o centro convergem as maiorias sem que ninguém se apequene e fazendo com que todos persigam o avanço.

É democrático porque jamais deixou-nos fugir a certeza de que não há outro caminho que não seja a política, e de que não há Democracia consolidada sem instituições transparentes e funcionando em plenitude e normalidade.

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Dirijo-me a vocês, à distância porque a legislação assim me obriga, porque sei que dessa forma dialogo com a maioria do povo brasileiro que os nossos partidos representam. Arquivo, momentaneamente, a pretensão presidencial que vislumbrei para marcharmos juntos, em 2018, com o projeto que estamos construindo em torno de Geraldo Alckmin.

Serei candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro e mais uma vez empenharei o novo mandato que espero ter a honra de conquistar em favor do Brasil e dos brasileiros.

Estaremos juntos, sempre.

Obrigado,
Rodrigo Maia”

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