O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi ovacionado neste domingo 12 como pré-candidato ao Palácio do Planalto por militantes e dirigentes tucanos durante a convenção paulista do PSDB. Em meio à disputa pelo comando nacional da legenda, pela primeira vez ele mudou o tom e já não descarta a possibilidade de assumir a sigla. Aos correligionários e lideranças de cinco partidos aliados, Alckmin fez um discurso de campanha para destacar a necessidade de união dos integrantes de sua legenda.
Alckmin chegou à Assembleia Legislativa, na capital paulista, local da convenção, ao lado do ex-governador Alberto Goldman, que assumiu o cargo de presidente interino do partido após o senador Aécio Neves (MG) destituir o colega Tasso Jereissati (CE) do posto. Tasso e Marconi Perillo, governador de Goiás, vão disputar o comando da legenda na convenção nacional marcada para o dia 9 de dezembro. O tucano foi cercado por militantes que pediam “Geraldo presidente”.
“Nós precisamos de unidade. Mas eu pergunto: união e unidade para quê? Para mudar o Brasil. Essa tem de ser a nossa mensagem, a nossa proposta. Com todos os riscos e com muita coragem”, disse. Em seguida, afirmou que é a hora de o PSDB voltar às suas origens, ir ao encontro do povo, buscar a eficiência da gestão para reduzir as desigualdades e fazer o país voltar a crescer.
Sem mencionar nenhum dos dois cargos – o de presidente da República e o do partido -, Alckmin reconheceu que o PSDB vive um grande desafio e, já fora do palco, afirmou aos jornalistas que a decisão sobre quem vai comandar a sigla deve ser coletiva. “Vamos aguardar. Essa é uma decisão coletiva do Brasil inteiro. Vamos primeiro completar essa fase das convenções estaduais.” A declaração representa uma mudança no discurso.
Até este domingo, ele rejeitava a possibilidade de assumir a presidência para pacificar a sigla.
Durante os discursos, Alckmin foi precedido pelo deputado estadual Pedro Tobias, seu aliado histórico, que ontem foi reeleito presidente do Diretório Estadual. Ao lado de Goldman e do senador José Serra, Tobias fez um “apelo público” para que o governador presida a sigla nacionalmente. “Geraldo, você é a pessoa que pode levantar o partido. Estamos à beira da divisão e precisamos de você”, disse.
Sem citar nomes, Goldman também fez um discurso pela unidade. “A mais importante tarefa que talvez eu tenha agora é produzir um Diretório Nacional unificado, não permitir que esse partido se divida em chapas. A chapa tem de ser uma só, senão, dividimos o partido ao meio no país inteiro. Aí, o PSDB acaba”, afirmou.
Terminado o discurso do presidente tucano, militantes da Juventude do PSDB gritaram da plateia em coro: “Eu vim de pijama”, em referência ao polêmico vídeo gravado pelo prefeito de São Paulo João Doria no qual ele critica Goldman e diz que ele “fica de pijamas” em casa. Doria também esteve na convenção, mas deixou o local antes de Alckmin ser conclamado por militantes a disputar o Palácio do Planalto.
O prefeito João Doria, por sua vez, disse que defende Perillo para presidir a sigla, mas, “se for necessário”, que Alckmin assuma o comando como terceira via. “Será bom para o partido”. Doria foi embora antes do discurso de Alckmin.
Serra, por sua vez, ficou até o fim do evento e viu Alckmin ser ovacionado presidenciável. Ele foi festejado também, porém como possível candidato ao governo do Estado. “Um, dois, três, é Serra outra vez”, cantava a Juventude Tucana, em referência à sucessão de Alckmin. A aliados, no entanto, Serra ainda não descartou por completo entrar na disputa pela sucessão de Michel Temer (PMDB).
Terceira via
Com o acirramento da disputa entre Tasso e Perillo pela presidência do PSDB, a tese de indicar Alckmin como uma terceira via tem ganho força. Em uma mensagem publicada em sua página no Facebook na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse esperar que Alckmin “tenha uma posição central na legenda”.
Aliados do governador dizem que ele não quer entrar na disputa pela vaga, mas aceitaria a “missão” se fosse aclamado na convenção nacional como solução de consenso. Se essa for mesmo a solução, Alckmin pode repetir estratégias já adotadas na fase pré-eleitoral de 2014. Um ano antes, Aécio foi eleito presidente do PSDB e depois disputou a Presidência da República.