Não surtiram efeito as ameaças do presidente Michel Temer (MDB) de que, se alguém não quiser apoiar a pré-candidatura de Henrique Meirelles, é melhor que “saia do partido”. Presidente do Congresso Nacional, o senador Eunício Oliveira (MDB-CE) disse que Temer é “um filiado como qualquer” e que não deve estar no palanque do ex-ministro da Fazenda, que tem entre 1 e 2% nas pesquisas mais recentes de intenção de voto.
“Não vou sair e ninguém me tira. Tenho 45 anos de partido e uma única filiação”, afirmou.
As declarações foram feitas em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, publicada nesta quarta-feira, 23. “Dentro do MDB ninguém é maior do que ninguém. Esse é o MDB que eu nasci nele e vou morrer nele. Não vou aceitar que ninguém me faça cobrança e me ameace”, completou.
Eunício Oliveira afirmou que a direção nacional do MDB não “construiu uma candidatura viável dentro do partido” e ressaltou que Meirelles, que ingressou na legenda há pouco mais de um mês, não é um quadro histórico do partido. “Ele nunca exerceu nenhum mandato pelo MDB. Não sei nem por quais partidos ele passou. Sei que do MDB ele não é”.
A candidatura do ex-ministro da Fazenda ganhou força pelo fato de que ele tem condições financeiras para custear a própria campanha, permitindo que os deputados e senadores pudessem dispor dos recursos do fundo partidário para as disputas pelo Legislativo. No entanto, há questionamentos sobre o grau de envolvimento que os diretórios do partido terão com a candidatura nacional, dadas as ainda baixas intenções de voto de Meirelles e a rejeição ao presidente Temer.
O presidente do Senado diz estar conversando com a sua coligação no Ceará sobre a eleição para a Presidência da República. Se for por esse lado, Eunício deve abraçar um nome da esquerda: no estado, ele está acertado com a reeleição do governador Camilo Santana (PT) e aliado ao grupo do ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato ao Planalto pelo PDT.
Pedro Parente
O distanciamento e as críticas do presidente do Senado às posições do Governo Temer respingaram também no presidente da Petrobras, Pedro Parente. Criticado pela política de aumento dos preços dos combustíveis, que passaram a oscilar diariamente de acordo com fatores econômicos de mercado, sem controle político.
“Entre os ‘Parentes’ e os consumidores, eu vou ficar com os consumidores. É abusivo o que aconteceu no Brasil”, disse o senador. “São 11 aumentos em 16 dias. E que ninguém venha me dizer que foi em função do dólar. Essa explicação não me convence”.