O polêmico ministro da Educação Abraham Weintraub usou a reunião ministerial do dia 22 de abril, na qual o presidente Jair Bolsonaro defendeu a troca da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, para afirmar que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deveriam ser presos. O relato foi feito a VEJA por pessoas com acesso à gravação, exibida nesta terça-feira, 12, como parte das investigações sobre a possível tentativa de interferência do presidente na PF.
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Clique e AssineA manifestação de Weintraub contra a Suprema Corte ocorreu uma semana depois de os ministros do STF terem imposto a primeira grande derrota ao governo durante a pandemia do novo coronavírus. Em 15 de abril, por unanimidade, o Supremo decidiu que governadores e prefeitos têm atribuições para determinar regras de isolamento e de quarentena. Bolsonaro é entusiasta da tese de que o isolamento deve ser flexibilizado para não levar setores econômicos à lona e nesta segunda-feira (11) publicou decreto que declara serviços de barbearia e manicure, por exemplo, como essenciais, e, portanto, aptos a funcionarem normalmente durante a pandemia.
Na mesma reunião ministerial, conforme revelou VEJA, o presidente Jair Bolsonaro atacou duramente a Polícia Federal ao defender a troca de investigadores no Rio de Janeiro. Segundo o presidente, familiares estariam sendo perseguidos em apurações policiais. “Querem f* com minha família”, disse Bolsonaro no encontro cuja gravação em vídeo foi exibida nesta terça-feira (12) como evidência no inquérito que investiga a acusação do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente tentava interferir politicamente na corporação.
De acordo com relatos de quem assistiu ao vídeo do encontro, em meio a palavrões, Bolsonaro disse que, se não fosse trocado o superintendente da Polícia Federal do Rio Janeiro, ele mudaria o comando da PF e até o ministro Sergio Moro.
Em nota divulgada nesta terça-feira, o advogado do ex-ministro Sergio Moro, Rodrigo Sanchez Rios, disse após a exibição do vídeo da reunião que “o material confirma integralmente” as declarações do ex-juiz da Lava-Jato no anúncio de sua saída do governo e no depoimento prestado à própria Polícia Federal. Caberá ao decano no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, decidir se levanta ou não o sigilo do vídeo da reunião.