Em vídeo, Temer faz apelo à Câmara e diz ser alvo de conspiração
Sem citar Janot nominalmente, presidente afirmou que é vítima de 'ilações, provas forjadas e denúncias ineptas e produzidas em conluio com malfeitores'
O presidente Michel Temer (PMDB) publicou nesta sexta-feira um vídeo de cinco minutos para se defender da acusação pelos crimes de formação de organização criminosa e obstrução à Justiça. Sem citar nominalmente o autor da denúncia, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, Temer disse ser alvo de uma “conspiração” e fez um apelo para que a Câmara dos Deputados rejeite a autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) investigá-lo.
“Tenho convicção absoluta que a Câmara encerrará esses últimos episódios de uma triste página de nossa história, em que mentiras e inverdades induziram a mídia e as redes sociais nesses últimos dias. A incoerência e a falsidade foram armas do cotidiano para o extermínio de reputações”, afirmou o presidente, que veiculou o vídeo no mesmo dia em que o advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira deixou a sua defesa.
Temer declarou que foram lançadas contra ele “ilações, provas forjadas e denúncias ineptas e produzidas em conluio com malfeitores”. “Diante dos ataques que se renovam, quero expressar minha indignação e manifestar profunda revolta com a leviandade dos que deveriam agir com sobriedade.”
O presidente citou as suspeitas de irregularidades que pairam sobre o acordo de delação premiada de executivos da JBS para embasar sua defesa. Janot utilizou as provas obtidas na colaboração para apontar o suposto cometimento de crimes por parte do peemedebista.
“Graças aos áudios que tentaram esconder, mas que vieram a público acidentalmente, sabe-se que, contra mim, armou-se uma conspiração de múltiplos propósitos. Conspiraram para deixar impunes os maiores criminosos confessos do Brasil, finalmente presos, porque sempre apontamos seus inúmeros delitos”, disse Temer, em referência aos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da holding J&F, que controla a JBS.
Temer afirmou que só regimes de exceção aceitaram acusações sem provas, “movidos por preconceito, ódio, rancor ou interesses escusos”. “Lamento dizer que, hoje, o Brasil pode estar trilhando esse caminho”, declarou. Segundo o presidente, uma análise “crítica e desapaixonada” dos deputados “provará os abusos dos que conspiraram contra a Presidência da República e o Brasil”.
A leitura da denúncia contra Temer no plenário da Câmara deverá ser feita na próxima segunda-feira. O presidente, então, terá prazo de dez sessões para apresentar a sua defesa.