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Embaixador palestino: ‘Escritório em Jerusalém é passo desnecessário’

Ibrahim Zeben atribui decisão a pressões de Benjamin Netanyahu e diz querer intensificar as relações do Brasil com a ANP

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 1 abr 2019, 20h11 - Publicado em 1 abr 2019, 18h37
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  • Ibrahim Zeben, embaixador da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em Brasília: 'Que esse escritório não esteja em Jerusalém oriental. A menos que seja para promover o comércio conosco' - 01/04/2019 (Valter Campanato/Agência Brasil)

    Diante do anúncio de instalação de um escritório comercial do Brasil em Jerusalém, o embaixador da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em Brasília, Ibrahim Zeben, afirmou a VEJA ter sido este compromisso do presidente Jair Bolsonaro “um passo desnecessário”. A questão é sensível não apenas para os palestinos, como para todos os países árabes e muçulmanos, e para os que acreditam na solução de dois Estados, alertou Zeben.

    “Não questionamos a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Israel”, afirmou o embaixador palestino, para em seguida recordar que enviou no dia 10 de março um convite oficial de visita a Ramallah (Cisjordânia), não respondido pelos canais diplomáticos.

    “Mas consideramos a instalação do escritório um passo desnecessário neste momento. Jerusalém é um assunto muito delicado, que não deveria estar sujeito às pressões de Israel sobre o Brasil, nem ser alvo de decisão às custas do direito internacional”, completou.

    Zeben afirmou não ter informações precisas sobre o escritório que, segundo a declaração final da visita de Bolsonaro a Israel, será responsável pelos temas comerciais, de ciência e tecnologia e de inovação. Sua preocupação é que, além dessa decisão, o governo pretenda instalar essa estrutura em Jerusalém oriental trata-se da parte da cidade sagrada cuja soberania é reivindicada pelos palestinos, que a consideram terreno legítimo de sua futura capital.

    “Que esse escritório não esteja próximo de Jerusalém oriental, que é território palestino ocupado por Israel e capital do nosso Estado. A não ser que seja para promover mais o comércio conosco”, declarou.

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    Notório por seu otimismo radical, o embaixador palestino resistiu a considerar o anúncio de Bolsonaro como uma decisão autônoma de seu governo. Para o diplomata, tratou-se do resultado de pressões do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre Brasília, na véspera das eleições de 9 de abril em Israel, quando ele corre o risco de não ser reeleito para mais um mandato.

    Para Zeben, o interesse do Brasil em desenvolver cooperação em ciência e tecnologia e outras áreas com Israel é autêntico. Mas o primeiro-ministro também tem seus objetivos muito claros. “Quero acreditar que Netanyahu, que tem buscado apoio de quem quer que seja para sua reeleição, tenha feito todo o possível para obter um gesto do Brasil”, afirmou. “Netanyahu está usando o Brasil”, completou, em sintonia com a versão publicada pelos próprios jornais israelenses nos últimos dias.

    Esperança

    O embaixador ressaltou ainda ter esperança de ver o Brasil como um ator importante nas negociações de paz entre Israel e a ANP, paralisadas há anos por falta de confiança dos palestinos no lado israelense e nos Estados Unidos. O Brasil tradicionalmente se posiciona com a maioria da comunidade internacional na defesa da convivência pacífica dos dois estados soberanos, com fronteiras definidas.

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    Segundo Zeben, com o retorno de Bolsonaro de Israel, seu empenho estará em intensificar o diálogo com o governo brasileiro. “Não perdemos esta esperança de ver o Brasil atuando, como sempre, como uma importante nação em prol da paz entre palestinos e israelenses. Queremos manter e melhorar nossas relações com o Brasil”, declarou.

    Entretanto, o embaixador também aguarda de Ramallah a instrução para se apresentar no Ministério das Relações Exteriores da ANP. Anunciada como reação ao anúncio de Bolsonaro, a convocação do embaixador não foi ainda confirmada. Se adotada, deixará claro a Brasília o atrito com o governo palestino.

     

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