Em entrevista na tarde desta quinta-feira, 27, em Brasília, o porta-voz da Força Aérea Brasileira (FAB), major Daniel Rodrigues Oliveira, disse que em todos os voos oficiais, como norma interna, bagagens de passageiros e tripulantes devem passar por inspeção em aparelhos de raio-x. Mas não confirmou se houve o procedimento no avião de suporte à comitiva de Jair Bolsonaro, que está no Japão, para o encontro do G20, reunião dos países mais industrializados do mundo.
“Um inquérito policial militar, sob sigilo, está levantando todas essas lacunas. A vida pregressa do sargento preso também. Por enquanto só sabemos que ele atua como comissário de bordo de voos presidenciais desde 2016.”
Como antecipou a coluna Radar, o sargento Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos, foi detido na última terça, 25, no aeroporto de Sevilha, na Espanha, com 39 quilos de cocaína. O militar fazia parte da comitiva de apoio da viagem presidencial.
O avião que levava Bolsonaro, no entanto, acabou fazendo escala em Lisboa, Portugal, a caminho do Japão. No retorno, segundo a FAB, a aeronave volta pelos Estados Unidos, com parando em Seattle.
Ainda segundo a FAB, o militar encontra-se preso à disposição das autoridades espanholas, sem apoio das Forças Armadas. Segundo ele, o consulado-geral do Brasil em Madri presta assistência consular, mantendo contato com o acusado e com seus familiares.
O major disse ainda que um vice-cônsul foi destacado para manter contato com as autoridades policiais e judiciárias e visitar o militar detido, acompanhando a sua situação. O governo espanhol também designou um advogado de defesa para ele.
O porta-voz ressaltou ainda que o inquérito militar, instalado na quarta-feira 26, tem prazo de quarenta dias, prorrogáveis por mais vinte dias, para concluir a investigação.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também se pronunciou e informou que o militar brasileiro preso será julgado “sem condescendência” na Espanha e no Brasil. “Tudo que puder ser divulgado, que não comprometer o curso das investigações, será divulgado. O militar será julgado sem condescendência pela Justiça da Espanha e pela própria Justiça brasileira, conforme determinam as leis de ambos os países.”
“Ressalto que não vamos admitir criminosos entre nós. Nesse caso, houve a quebra de confiança. A confiança é própria da cultura militar, e nos é tão cara. Esse lamentável caso é fato isolado no seio dos integrantes das Forças Armadas”, acrescentou.