A faca utilizada pelo ex-garçom Adélio Bispo de Oliveira no ataque ao presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018 será levada a um museu federal. A decisão sobre o destino da faca foi tomada nesta terça-feira, 10, pelo juiz federal Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG), após manifestação favorável do Ministério Público Federal (MPF).
A pedido da diretora da Academia Nacional de Polícia, delegada Vanessa Gonçalves Leite de Souza, a faca ficará exposta no Museu Criminal da Polícia Federal, em Brasília. Além do objeto de 30 centímetros (veja abaixo), dois tubos que armazenaram material genético de Adélio e de Bolsonaro também passarão a integrar o acervo do museu. O material será entregue ao delegado Rodrigo Morais Fernandes, responsável pelo inquérito que investigou o atentado, a quem caberá encaminhá-lo ao museu.
Em sua decisão, Savino sustentou que “não há dúvidas” sobre o “valor histórico” da faca e “quanto ao interesse de sua conservação em prol da história política recente do país”. Para o magistrado, o objeto “representa não somente a violência sofrida pelo Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, quando estava em pleno ato de campanha eleitoral, no exercício dos direitos políticos assegurados pela Constituição da República, mas, sobretudo simboliza, a partir de uma ótica mais ampla, a agressão cometida contra o próprio regime representativo e democrático de direito”.
O juiz federal ainda ponderou que, como o pedido para manutenção da faca no museu da PF veio da corporação, “presume-se que não tenha havido oposição da vítima, o atual Presidente da República, a quem está diretamente subordinado”.
O atentado
Em 6 de setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), Jair Bolsonaro foi atingido no abdômen por uma facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira, que havia se infiltrado entre os apoiadores do então candidato. A facada causou perfurações na artéria mesentérica (que irriga o intestino) e nos intestinos grosso e delgado de Bolsonaro.
Socorrido na Santa Casa de Misericórdia da cidade mineira, onde foi operado em emergência, o presidente perdeu 2,5 litros de sangue no ataque. Ele foi transferido no dia seguinte ao Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde passou por mais duas cirurgias. Na última segunda-feira, 9, pouco mais de ano depois do ataque, Bolsonaro foi submetido a uma nova operação, desta vez para retirada de uma hérnia que surgiu por causa da facada, no hospital Vila Nova Star.
Em junho, o juiz Bruno Savino absolveu Adélio, considerado inimputável por transtornos mentais no processo em que era réu confesso pelo atentado. Na sentença, o garçom foi absolvido “impropriamente”, isto é, o magistrado considerou que havia elementos para a condenação, mas que a inimputabilidade demanda medidas alternativas. Savino determinou que Adélio seja internado por tempo indeterminado, “enquanto não for verificada a cessão da periculosidade”. Embora dê declarações nas quais desacredita a conclusão da PF de que Adélio Bispo agiu sozinho, Bolsonaro não recorreu da decisão.