O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse que seria melhor para o país, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concorresse às eleições de outubro, mas ponderou que a “lei é a lei”. Em entrevista à rádio Jovem Pan, transmitida na manhã desta terça-feira 6, ele afirmou que o ideal seria que o país “não tivesse passado por este processo”.
“Sendo candidato ou não teria sido melhor que pudesse concorrer, mas tem a lei. Ele foi condenado em segunda instância, pela lei da Ficha Limpa. Ou você obedece a lei ou você quebra a Constituição”, disse FHC. Mesmo depois do julgamento e condenação no TRF4, Lula continua liderando as pesquisas, com 37% de intenção de voto no Datafolha divulgado na última semana.
Questionado sobre a condenação do petista na primeira e segunda instância, Fernando Henrique disse que, pelo que ouviu dos desembargadores do TRF-4, tem “bastante elementos”. O ex-presidente reconheceu que é possível um juiz errar, mas lembra que Lula foi condenado por quatro magistrados – três desembargadores e o juiz federal da primeira instância, Sérgio Moro.
Ainda sobre o cenário eleitoral para 2018, FHC deixa em aberto suas expectativas sobre as chances do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, concorrer ao Palácio do Planalto. “Eu apoiei Geraldo para ser presidente do partido, porque acho que nesse momento o PSDB vai tê-lo como candidato e acho que é um candidato competitivo. Vai ser? Vamos ver”, avaliou o tucano, que vê quatro qualidades no colega de partido: experimentado politicamente, é um homem simples, fala pausadamente na televisão e tem controle das contas públicas.
Alckmin deve deixar o governo de São Paulo para se dedicar exclusivamente à disputa presidencial em abril, mas a ofensiva pela sua sucessão no comando do estado já foi deflagrada. O vice-governador, Márcio França (PSB), já se lançou na disputa, mas há ao menos quatro tucanos se colocando como pré-candidatos. Entre eles, o prefeito de São Paulo, João Doria, que apesar de negar, tem articulado sua candidatura nos bastidores — para FHC, a tendência é que ele busque busque “voos mais altos”.
Fernando Henrique avalia ser “difícil” que o PSDB não tenha candidato próprio no estado que comanda há 24 anos. Mas lembrou que ele próprio já esteve em dois palanques. “Fui muito criticado na reeleição porque tive dois palanques aqui em São Paulo, mas às vezes a circunstância leva a isso. Como a eleição é majoritária, é possível que candidato tenha mais de um palanque”, disse.
Ao comentar a possibilidade de o apresentador Luciano Huck se candidatar, FHC foi protocolar. “Gosto dele, sou amigo dele e de sua família. Acho que para o Brasil seria bom, mas não sei o que ele vai fazer”, afirmou. Em um cenário sem Lula, o apresentador de TV aparece empatado nas pesquisas eleitorais, ao lado de Alckmin, com cerca de 6%, disputando com os ex-ministros Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) o segundo lugar na disputa — o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) lidera a corrida neste cenário.
(com Estadão Conteúdo)