Fissura na Câmara: o racha entre Marcos Pereira e Rodrigo Maia
Presidente do Republicanos jantou com Arthur Lira, candidato do governo à presidência da Câmara, na última segunda-feira

A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, marcada só para o ano que vem, já começou a provocar fissuras. Nesta quarta-feira (9), o atual chefe da Casa, Rodrigo Maia, anunciou a formação de um bloco com seis partidos (DEM, PSL, MDB, PSDB, Cidadania e PV) sem, no entanto, indicar quem será o candidato. O Republicanos, que negociava a aderência ao ‘blocão’ de Maia, foi o primeiro a pular fora do barco.
Logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar a possibilidade de reeleição de Maia, no domingo (6), o deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos e vice-presidente da Câmara, escreveu em uma rede social que a Corte agiu com responsabilidade “ao rejeitar uma tese casuística” e reforçou que será candidato à Presidência. O nome dele, no entanto, era indicado como um dos possíveis sucessores apoiados por Maia.
Nos bastidores, havia uma desconfiança mútua: enquanto Maia acreditava que Pereira fazia um jogo duplo na tentativa de ser um nome escolhido pelo bloco enquanto negociava com o governo, o vice-presidente da Câmara questionava a demora do democrata em definir o seu sucessor. Além disso, diante da impossibilidade da reeleição de Maia, a insatisfação passou a justificada pela atuação do presidente da Câmara em torno do deputado Aguinaldo Ribeiro (Progressista) e pelo seu esforço em demover os demais candidatos de entrar na disputa.
Desde a semana passada a saída de Marcos Pereira já era tida como certa. Integrantes do bloco apontavam a insistência do parlamentar em só aderir ao grupo se ele fosse o candidato, enquanto o acordo inicial seria buscar um nome de consenso capaz de aglutinar a maior quantidade de votos.
Além disso, o governo vem jogando pesado para atrair Pereira para o entorno do deputado Arthur Lira, do Progressista. Os dois jantaram juntos nesta segunda-feira (7) e adversários da dupla acreditam que o presidente do Republicanos, que vem sendo contemplado com cargos no segundo escalão, possa ganhar um ministério em troca da mudança de lado. O partido de Pereira, vale lembrar, recentemente filiou dois filhos de Jair Bolsonaro: o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro.
Lira e Pereira haviam estabelecido um pacto prévio de que até o fim de outubro eles selariam uma aliança, na qual um dos dois desistiria da candidatura. Quando o prazo chegou, no entanto, nenhum dos dois quis ceder. Mas as conversas continuam e, até fevereiro, certamente muita coisa vai mudar.