A Polícia Federal prendeu nesta manhã o empresário José Eduardo Corrêa Teixeira Ferraz, o último condenado no processo que apurou o desvio de recursos públicos na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo, que ainda não estava preso – ele era considerado foragido e estava na lista de procurados da Interpol , a polícia internacional.
O escândalo veio à tona em 1998, quando procuradores federais descobriram que o esquema de superfaturamento já havia desviado 169 milhões de reais em valores da época – atualizada, a quantia se aproxima de 1 bilhão de reais hoje. À época, segundo o Ministério Público Federal, a obra já tinha consumido todo o orçamento previsto, embora apenas 64% dela tivesse sido executada.
Ferraz e Fábio Monteiro de Barros Filho eram sócios da construtora Incal, responsável pela obra, e ambos foram condenados à prisão – o primeiro a 22 anos e o segundo, a 32 anos, ambos em regime fechado. A investigação apontou ligação da construtora com a empreiteira OK, do ex-senador Luiz Estevão, que foi condenado a mais de 30 anos de reclusão e está preso até hoje.
O personagem principal do escândalo, no entanto, foi o juiz Nicolau dos Santos Neto, o presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), responsável pela contratação da obra, que ficou conhecido como Lalau. Ele cumpriu 12 anos de pena, mas recebeu indulto presidencial em 2014 por causa da idade avançada – à época, tinha 86 anos.
Segundo a PF, o mandado de prisão de Teixeira Ferraz tem caráter definitivo, não havendo mais possibilidade de recursos. A corporação diz que foi informada pelo Ministério Público Federal que o mandado ainda se encontrava em aberto e iniciou diligências para descobrir o paradeiro do empresário, mas disse ter encontrado dificuldades porque não havia qualquer registro de atividades realizadas por ele ou bens em seu nome – mesmo assim, localizou a sua suposta residência e passou a monitorá-lo.
Na manhã desta quarta-feira, os policiais federais viram um homem deixar a casa em um veículo chamado por aplicativo. Duas viaturas saíram em perseguição e abordaram o veículo suspeito na Marginal Pinheiros, na altura do Jockey Clube, no Morumbi, zona oeste de São Paulo. Confirmada a identidade do empresário, ele foi levado à Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo, onde permanece à disposição da Justiça Federal – ele deve ser levado a algum presídio estadual de São Paulo.