O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, buscou polarizar com Luiz Marinho (PT) nos primeiros blocos do debate entre os postulantes ao Palácio das Bandeirantes na Band, mas foi uma discussão entre ele e o atual governador, Márcio França (PSB), que mais repercutiu no estúdio e nas redes sociais.
Doria questionou França por ter “mudado de ideia” sobre a questão da caça aos javalis e deu a deixa para que o candidato do PSB o criticasse por ter renunciado à Prefeitura de São Paulo após prometer cumprir os quatro anos de mandato. “Quem muda de ideia sempre é você; eu não mudo minhas posições. Por 43 vezes o senhor falou que não iria renunciar à Prefeitura, e não cumpriu”, afirmou França, na tréplica, arrancando alguns aplausos da plateia. “Eu não traio meus amigos.”
Entre os que deram risada, está o secretário de Governo, Saulo de Castro, que é filiado ao PSDB mas estava no estúdio da emissora como convidado do candidato do PSB. Nos momentos seguintes à fala, os termos “Márcio França” e “Doria” chegaram a estar entre os assuntos mais mencionados no Twitter.
Doria pediu à produção da Band direito de resposta. A emissora negou, alegando que não houve insulto direto.
Polarização
Alvo preferencial dos ataques dos concorrentes, o candidato tucano tentou recriar, mais uma vez, a polarização entre PSDB e PT. Ele criticou Marinho pela gestão em São Bernardo do Campo (SP) e criticou o trabalho dos ex-ministros da Saúde Alexandre Padilha e Arthur Chioro, este último secretário de Saúde do petista na Prefeitura. Segundo Doria, Padilha e Chioro falharam na distribuição de medicamentos para os municípios.
Em resposta, Luiz Marinho afirmou que o programa “Corujão da Saúde”, bandeira da gestão Doria na Prefeitura, foi “peça publicitária” que não resolveu o problema das filas dos exames na cidade.
Os candidatos também discutiram sobre corrupção. Enquanto Doria mencionou “Lula preso” e “Dirceu com tornozeleira”, Marinho citou as denúncias de corrupção contra Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, e Laurence Casagrande Lourenço, ex-presidentes da Dersa, estatal de engenharia do governo de São Paulo.
O governador Márcio França e Paulo Skaf (MDB) protagonizaram uma dobradinha em um momento do debate, mas nem por isso o socialista, assim como os demais, evitou relacionar o postulante do MDB ao presidente Michel Temer, que enfrenta altos índices de impopularidade. Ainda sobre Temer, Luiz Marinho afirmou que Skaf representa um “governo golpista”, assim como o PSDB.
Desconhecidos
Os primeiros minutos no encontro da Band evidenciaram o quanto a maior parte dos candidatos a governador ainda são desconhecidos do grande público. Além do próprio governador Márcio França – chamado de “Márcio Braga” pelo apresentador Fábio Pannunzio no início do evento –, Lisete Arelaro (PSOL), Rodrigo Tavares (PRTB), Marcelo Cândido (PDT) e Luiz Marinho (PT) aproveitaram diversos momentos do encontro para se apresentarem ao eleitor.
França tentou colar seu nome à pauta da segurança pública e lembrou ter sido o político que homenageou a policial militar Kátia da Silva Sastre, que matou um criminoso que assaltava pais na porta de uma escola na capital paulista. Cândido, Marinho e Tavares citaram seus candidatos à Presidência – Ciro Gomes (PDT), Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), respectivamente – para tentar impulsionar seus nomes na disputa estadual.
(Com Estadão Conteúdo)