Criado em 2017 para suprir a falta do financiamento empresarial de campanha, proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) dois anos antes, o Fundo Especial para Financiamento de Campanha (FEFC), o “fundão eleitoral”, um montante de 1,7 bilhão de reais de dinheiro público destinado às campanhas, é a principal fonte de receita dos candidatos à Presidência da República após um mês da campanha eleitoral.
De todo o dinheiro arrecadado pelos treze postulantes deste ano, 65% vieram do FEFC, segundo levantamento de VEJA a partir das informações prestadas pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para dez deles, trata-se dos dados definitivos da primeira prestação parcial de contas, que se encerrou na noite desta quinta-feira, 13. Nos casos de Cabo Daciolo (Patriota), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), foram analisados os relatórios financeiros (que disponibilizam em tempo real os valores recebidos e gastos contratados), porque o tribunal ainda não se debruçou sobre os números consolidados.
O peso da verba pública salta consideravelmente, para 95%, quando são considerados apenas os cinco candidatos mais bem posicionados nas últimas pesquisas de intenção de voto. Desses, apenas Jair Bolsonaro (PSL) não fez uso do Fundo – e é um dos que menos arrecadou até agora, com 688.714 reais, a maior parte fruto de financiamento coletivo. Entre os demais, o FEFC corresponde a 86% das receitas de Marina, 97% para Fernando Haddad (PT), 98% para Alckmin e 99% para Ciro Gomes (PDT).
A diferença de trinta pontos percentuais entre uma simulação e outra se deve, principalmente, ao caso de Henrique Meirelles. Apesar de ser candidato pelo MDB, partido com a maior verba do Fundo Eleitoral, o ex-ministro da Fazenda não recebeu um único real do partido: todo o dinheiro da sua campanha veio da fortuna pessoal do próprio Meirelles, que já injetou 45 milhões de reais na disputa.
Em termos de receita de campanha, o valor faz ex-ministro o segundo com a maior verba. Ele só perde para o tucano Geraldo Alckmin, que recebeu a maior soma de um partido para um candidato ao Planalto: 44,8 milhões de reais de dinheiro público, da cota do PSDB, foram direcionados à sua campanha, somados a outros 980.000 em doações e 515.250 reais em “bens estimáveis” (cessões voluntárias de imóveis, veículos e outros).
Na sequência, aparece a campanha de Fernando Haddad, que herdará o valor antes repassado à campanha do seu antecessor na chapa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um total de pouco mais de 20,5 milhões de reais, quase todo o valor oriundo da cota partidária no Fundo Eleitoral. Ciro Gomes e Marina Silva arrecadaram, até agora, 16,1 milhões e 6,8 milhões de reais, com percentuais na casa dos 90% oriundos dos partidos, PDT e Rede.
Além de Bolsonaro e Meirelles, apenas João Amoêdo (Novo) e Cabo Daciolo (Patriota) não receberam dinheiro de suas legendas. Não foram considerados os casos em que os partidos, como ocorreu com o Novo e com o PSL, fizeram a arrecadação de financiamento coletivo e apenas encaminharam os valores respectivos aos candidatos. Por outro lado, apenas José Maria Eymael, da Democracia Cristã, não recebeu nenhum valor que não seja do próprio partido.
Veja abaixo a proporção de cada fonte principal de recursos, as verbas públicas (dos fundos eleitorais e partidário) e os recursos privados, que se dividem, principalmente, entre doações de pessoas físicas e autofinanciamento.