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Fux autoriza inquérito a partir de delação do ex-governador de MT

Decisão atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República. Foram citados na delação de Silval Barbosa o ministro Blairo Maggi, deputados e senadores

Por Da redação
Atualizado em 25 ago 2017, 18h42 - Publicado em 25 ago 2017, 16h38

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux autorizou ontem a abertura de inquérito para investigar as revelações da delação premiada do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa, que narra um suposto esquema de corrupção no estado entre 2006 e 2014. Fux também determinou, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), a retirada do segredo de Justiça sobre a delação de Silval, já classificada pelo ministro como “monstruosa” e homologada por ele no início do mês.

O acordo de colaboração do ex-governador foi firmado com a PGR no âmbito da Operação Ararath e envolve outros quatro delatores: a mulher de Silval Barbosa e ex-secretária estadual de Trabalho e Assistência, Roseli Barbosa, o filho dele, Rodrigo da Cunha Barbosa, o irmão do ex-governador, Antonio da Cunha Barbosa Filho, e o ex-chefe de gabinete Sílvio Cézar Correa Araújo.

Ao pedir a abertura de inquérito por organização criminosa, o procurador-geral da República explicou que “a organização criminosa, por meio de seus integrantes que exerciam funções como agentes políticos e ou servidores públicos, solicitavam propina ou ‘retorno’ de pagamentos devidos pelo Estado às empresas contratadas para a execução de obras e serviços, às empresas detentoras de créditos decorrentes de precatórios e, ainda, solicitavam propina ou ‘retorno’ aos representantes de empresas beneficiadas por incentivos fiscais concedidos”.

Ainda conforme Janot, “o consórcio espúrio entre políticos e de empresários tinha como objetivo obter recursos de forma ilícita para o enriquecimento ilícito de seus integrantes, para a manutenção da governabilidade e para o pagamento de dívidas de campanhas políticas”.

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Os investigados no inquérito não são nomeados na decisão de Luiz Fux, mas foram citados nas delações premiadas do grupo de Silval Barbosa políticos com foro privilegiado no Supremo, como o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, os senadores Cidinho Santos (PR-MT) e Wellington Fagundes (PR-MT) e os deputados federais Ezequiel Fonseca (PP-MT) e Carlos Bezerra (PMDB-MT).

Janot afirmou ao STF que Maggi “exercia incontestavelmente a função de liderança mais proeminente na organização criminosa”, que também teria forte influência de Silval e do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Geraldo Riva. O delator foi vice-governador durante a gestão de Blairo Maggi em Mato Grosso, na qual, conforme o procurador-geral da República, “a organização já utilizava e financiava-se com recursos de operadores financeiros para atingir seus fins ilícitos”.

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Silval Barbosa se manifesta

Em nota emitida pelo advogado Délio Lins e Silva Júnior, o ex-governador Silvar Barbosa afirmou que resolveu colaborar com a Justiça após longa reflexão com sua família. Ele disse que, quando assumiu o governo de Mato Grosso, aceitou praticar vários ilícitos em troca de apoio e sustentação política, sujeitando-se à extorsão de membros de poderes constituídos para garantir a governabilidade.

“O ex-governador acabou por se submeter a toda espécie de extorsão e atos de corrupção, cujas finalidades eram a captação de recursos ilícitos para o pagamento de altas autoridades, a fim de que estas não criassem embaraços para a realização da Copa do Mundo”, declarou a defesa do ex-governador.

Barbosa disse que “assumiu todos os seus atos, revelou inúmeros outros e se sujeitará às suas consequências, inclusive com o devido ressarcimento ao erário”. “Por fim, ciente de seus erros, pede humildemente desculpas à sua família, aos eleitores que lhe conferiram os sucessivos mandatos, bem assim a toda sociedade mato-grossense pelos fatos praticados”, afirmou a nota.

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