O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux defendeu nesta quarta-feira a revogação, pelo Ministério Público Federal (MPF), dos benefícios concedidos aos delatores da JBS. Diante do escândalo envolvendo a gravação de uma conversa entre o executivo Joesley Batista e o diretor de relações institucionais da empresa, Ricardo Saud, Fux disse que os colaboradores deveriam passar “do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda”.
A própria JBS entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um áudio em que Joesley e Saud fazem menções ofensivas a ministros do STF e à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre outras autoridades. A gravação, de mais de quatro horas, mostra que os delatores omitiram crimes ao negociar o acordo de colaboração premiada com o MPF.
“Os partícipes do delito, que figuraram como colaboradores, ludibriaram o Ministério Público, degradaram a imagem do país no plano internacional, atentaram contra a dignidade da Justiça e revelaram a arrogância dos criminosos de colarinho branco”, disse Fux, durante sessão do STF.
“De sorte que deixo ao Ministério Público a opção de fazer com que os participantes dessa cadeia criminosa, que confessaram diversas corrupções, passem do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda. Eu gostaria de sugerir isso aqui em meu nome pessoal e em nome daqueles que eventualmente concordam com minha indignação”, afirmou o ministro.
A declaração de Fux faz menção ao fato de Joesley ter se mudado para um apartamento em Nova York, nos Estados Unidos, após assinar o acordo que o livraria de cumprir pena pelos crimes que confessou.
Ao anunciar a descoberta do áudio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que avaliaria a anulação da imunidade concedida aos delatores da JBS. A eventual rescisão do acordo de colaboração não invalidaria as provas e indícios de crimes de corrupção que foram apresentados pelos executivos da empresa.
Na terça-feira, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, disse que o áudio é uma agressão inédita à dignidade da Corte e pediu uma investigação urgente à Polícia Federal e à PGR para apurar os fatos citados pelos delatores. Cármen Lúcia e outros três ministros — Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin — foram mencionados em diálogos desconexos e que não trazem informações concretas ou evidências de que os magistrados pudessem estar implicados em irregularidades.