Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta sexta-feira, o presidente Michel Temer declarou que, antes de ter sido decretada a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, chegou a ser discutida no governo federal a possibilidade de afastamento do governador fluminense, Luiz Fernando Pezão, mas que essa medida foi rechaçada por ele.
Temer também reiterou que trata-se de uma intervenção civil, apesar de o interventor ser um general do Exército. Segundo o presidente, um possível fracasso da intervenção representará o fracasso de seu próprio governo. “Se não der certo, não deu certo o governo. Porque o comandante supremo das Forças Armadas é o presidente da República. De modo que as Forças Armadas nada mais fizeram do que obedecer ao comando do seu comandante supremo”, afirmou.
Temer também antecipou que anunciará na segunda-feira o nome do novo ministro da Segurança Pública, pasta criada pelo governo logo após o decreto de intervenção federal no Rio. Segundo ele, dez nomes estão sendo cogitados para ocupar o cargo. “Neste momento, a segurança pública é a nossa pauta prioritária”, afirmou.
”Não sou e não serei candidato à reeleição”
O presidente afirmou ainda que não será candidato à reeleição, e que o decreto de intervenção no Rio não foi uma “jogada eleitoral” voltada a aumentar seu cacife para o pleito de outubro.
“Eu não sou candidato. A minha intenção de hoje vai alongar-se pelo tempo todo. Eu não serei candidato”, disse Temer. “Eu não quero. Eu sou candidato a fazer um bom governo”, complementou.
Desde que assumiu o governo, Temer tem afirmado que não disputará as eleições presidenciais de outubro, mas que o governo terá um candidato para defender o seu legado. Segundo o presidente, a decisão sobre quem será esse candidato será tomada no fim de maio ou início de junho.
Auxiliares próximos do presidente, no entanto, têm cogitado a hipótese de o próprio Temer ser candidato, apesar da baixa popularidade e das intenções de voto em torno de apenas 1 por cento na pesquisas. O cálculo é que Temer passaria a ser viável como candidato se sua popularidade chegar a 15% e sua rejeição cair a 60%, dos atuais 70%, até abril.
As conversas sobre uma possível candidatura de Temer ganharam ainda mais fôlego após a decretação da intervenção, que enterrou a impopular discussão sobre a reforma da Previdência e colocou o combate à violência no topo da agenda do governo.
Temer garantiu, no entanto, que a medida não teve qualquer motivação política. “É uma jogada de mestre, mas não é eleitoral. Você sabe que não tem nada de eleitoral nessa questão”, disse, quando questionado se a intervenção seria uma “jogada eleitoral de mestre”.
Apesar da negativa de Temer, o ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo, defendeu, em entrevista a VEJA, divulgada nesta sexta-feira, como “necessária” uma candidatura de Temer. “Ele continua a dizer que não quer, mas o fato é que, como não aprovamos a reforma da Previdência, o nosso trabalho ficou incompleto”, disse o ministro, que na quinta-feira já havia afirmado que Temer não é candidato “nesse momento” porque não quer.