Governo exonera dez ministros para reforçar placar pró-Temer
Titulares das pastas também têm mandatos como deputados e poderão votar
O Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira traz a exoneração de dez ministros do Poder Executivo. Todos com mandato de deputado federal, eles se licenciaram dos cargos para retornar à Câmara e votar pelo arquivamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB). Depois da votação, eles reassumem as pastas.
Veja quais ministros reassumem na Câmara:
Antônio Imbassahy (PSDB-BA), Secretaria de Governo
- afasta: Marcos Medrado (Pode-BA)
Mendonça Filho (DEM-PE), Educação
- afasta: Carlos Eduardo Cadoca (sem partido)
Bruno Araújo (PSDB-PE), Cidades
- afasta: Creuza Pereira (PSB-PE)
Fernando Bezerra Coelho Filho (PSB-PE), Minas e Energia
- afasta: Severino Ninho (PSB-PE)
Osmar Terra (PMDB-RS), Desenvolvimento Social
- afasta: Jones Martins (PMDB-RS)
Leonardo Picciani (PMDB-RJ), Esporte
- afasta: Wilson Beserra (PMDB)
José Sarney Filho (PV-MA), Meio Ambiente
- afasta: Alberto Filho (PMDB)
Ronaldo Nogueira (PTB-RS), Trabalho
- afasta: Assis Melo (PCdoB)
Marx Beltrão (PMDB-AL), Turismo
- afasta: Rosinha da Adefal (PTdoB-AL)
Mauricio Quintela (PR-AL), Transportes
- afasta: Nivaldo Albuquerque (PRP-AL)
Os ministros Ricardo Barros (Saúde) e Raul Jungmann (Defesa), que também têm mandato de deputado, não foram exonerados.
Apesar de o Palácio do Planalto afirmar que já tem os votos necessários na Câmara, os ministros vão reforçar o placar a favor de Temer, que depende de apenas 172 apoios para engavetar o processo. A oposição, no entanto, precisa de, no mínimo, 342 votos para conseguir afastar o presidente. O governo tem evitado falar abertamente em números, mas auxiliares de Temer garantem que há pelo menos 250 votos a seu favor.
A exoneração dos ministros integra forte ofensiva de Temer nos últimos meses em busca de apoio para derrubar a denúncia. A estratégia inclui entrega de cargos, liberação de emendas parlamentares e atendimento a pleitos legislativos de determinados grupos. Ontem, o presidente formalizou o lançamento do Refis do Funrural de olho na bancada ruralista.
As articulações de Temer parecem funcionar. O presidente obteve até o auxílio de dois governadores do PT. O governador da Bahia, Rui Costa, exonerou dois secretários para retomar seus mandatos na Câmara e marcar abstenção na votação. Já o governador do Piauí, Wellington Dias, colaborou ao não exonerar uma secretária, deixando que o suplente dela na Casa vote a favor do presidente. Ainda na Bahia, Temer contou com ajuda do senador Otto Alencar, que preside o PSD no estado. Crítico de Temer, Alencar liberou os cinco deputados baianos da sigla a votar como quiserem.
(Com Estadão Conteúdo)