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Hacker tentou se passar por Joice Hasselmann pelo Telegram, diz procurador

Investigação encontra indícios de que invasores conversaram com jornalista pela conta da líder do governo no Congresso

Por Estadão Conteúdo 24 set 2019, 01h41

O procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira apontou, em representação pela segunda fase da Operação Spoofing indícios de que os hackers que invadiram comunicações de mil autoridades, entre elas o ministro Sergio Moro (Justiça) e o procurador Deltan Dallagnol, chegaram a fabricar mensagens no celular da líder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL).

Segundo o procurador, “foram encontradas conversas do aplicativo Telegram em que Luiz Henrique Molição”, preso na última quinta, 19, na segunda fase da Operação, “instrui Walter Neto (‘Vermelho’) a enviar uma nota para um jornalista através da conta da deputada federal Joice Hasselmann, sendo que, após uma breve troca de opiniões, os dois escolhem o destinatário da mensagem falsa”.

“Vermelho”, suposto líder dos hackers, foi preso na primeira etapa da Operação Spoofing, deflagrada em 23 de julho. Apontado como líder dos hackers, ele declarou ter mantido contato com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, que tem divulgado os diálogos atribuídos a Moro, a Deltan e a outros procuradores da Lava Jato.

“Pelos diálogos analisados, foi possível constatar que realmente Walter Neto encaminhou para o jornalista, por meio da conta do Telegram da deputada federal, uma nota intitulada ‘O governo já deixa vazar que considera MPF como inimigo’, texto que teria sido elaborado pelo próprio Luiz Molição”, diz o procurador.

No mesmo dia – 27 de julho -, a parlamentar postou um vídeo, em suas redes sociais, afirmando que seu celular foi invadido, o que, de acordo com o procurador, corrobora “a veracidade do diálogo analisado”.

De acordo com o procurador, “em uma das imagens divulgadas por Joice Hasselmann, é possível ver no registro de chamadas do aparelho telefônico da parlamentar um número de telefone internacional de Telegram, que é utilizado para realizar as ligações automatizadas que informam o código de acesso do aplicativo, fato consistente com o modo de ataque empregado por Walter Neto”.

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“Na mesma imagem, também é possível verificar o registro de uma ligação telefônica do jornalista, que foi o responsável por informar a parlamentar sobre invasão de sua conta no Telegram, conforme reportagens que repercutiram o ataque”, relata.

O procurador expõe ainda relatório da PF que mostra notificação “gerada pelo aplicativo Telegram, Luiz Molição e Walter Neto percebem que o repórter provavelmente iria ficar ainda mais desconfiado em relação à mensagem enviada em nome da deputada federal Joice Hasselmann, motivo pelo qual Walter pede a Luiz Molição para que abra o programa PIA – Private Internet Access, usado pelo grupo para dificultar o rastreamento da conexão aos aparelhos”.

“Após Molição responder que já estava ligando o programa PIA, Walter envia o número telefônico de Joice Hasselmann e dois códigos numéricos, que seriam os códigos de acesso do aplicativo da parlamentar”, afirma o relatório.

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“Após Luiz Molição confirmar ter acessado o Telegram da deputada federal Joice Hasselmann, Walter Neto mostra a mensagem do telefone da parlamentar indicando que um novo login havia sido detectado na conta. A mensagem enviada pelo aplicativo de comunicação mostra a presença de 3 aparelhos conectados na conta da parlamentar, sendo duas nos Estados Unidos referentes aos endereços do IP do provedor PIA utilizados simultaneamente por Walter Delgatti Neto e Luiz Henrique Molição”, conclui.

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