Impasse para Cesar Maia ser vice de Freixo será julgado na esfera nacional
Em federação com o PSDB, Cidadania se opôs à proposta de Rodrigo Maia; colegiado nacional, com maioria tucana, é quem dá a última palavra
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, que preside o PSDB no Rio de Janeiro, bateu o martelo nos últimos dias e decidiu colocar o pai, o ex-prefeito carioca Cesar Maia, de candidato a vice na chapa de Marcelo Freixo (PSB). O pessebista, que tem o apoio de Lula na eleição para o Palácio Guanabara, está tecnicamente empatado nas pesquisas com o atual governador, Cláudio Castro (PL), correligionário de Jair Bolsonaro. A decisão, no entanto, passa por um impasse envolvendo a federação tucana com o Cidadania.
Nos colegiados regionais da federação, o Rio é um dos poucos estados em que o Cidadania tem mais votos que os tucanos para a tomada de decisões – seis a cinco. E o partido é favorável à união com Rodrigo Neves (PDT), não com Freixo. Sem um acordo a nível local, a situação será encaminhada nesta segunda-feira, 18, à esfera nacional, onde o PSDB tem a maioria.
A indicação de uma figura histórica da política local e que representa o centro é celebrada como a consagração do aceno que Freixo vem tentando fazer a setores de fora da esquerda. O ex-PSOL costuma ser pintado pelos seus adversários como “radical” e “despreparado” e é visto como um candidato fácil de ser derrotado num segundo turno – como aconteceu contra Marcelo Crivella (Republicanos) em 2016, na disputa pela prefeitura.
Maia tinha em mãos duas propostas quase idênticas para seu pai. Apesar de o ex-postulante ao governo Felipe Santa Cruz (PSD) ter sido anunciado como vice de Rodrigo Neves, o grupo do prefeito Eduardo Paes deixou claro que abriria mão do posto caso Cesar Maia e seu filho preferissem embarcar na candidatura do pedetista, onde há mais aliados históricos do clã carioca.
A movimentação de Paes ao desistir da empreitada eleitoral do ex-presidente da OAB se deu justamente após as conversas de Maia com Freixo se intensificarem nos últimos meses. Santa Cruz contava com o tempo de TV que a coligação do PSD com o PSDB e o Cidadania lhe daria para impulsionar seu nome, ainda desconhecido nas pesquisas.
Agora sem precisar injetar fatia generosa do dinheiro partidário na candidatura, sobrará mais verba para os postulantes à Câmara dos Deputados, prioridade do partido de Paes e Gilberto Kassab neste ano. Pelo Rio, estima-se a conquista de pelo menos oito cadeiras no Legislativo nacional.
Em outra frente, e talvez a mais importante, Eduardo Paes já olha para 2024. Em má fase de popularidade, o prefeito temia ficar isolado em seu projeto de reeleição. Preferiu, assim, manter por perto outro grupo político. Por falar em medo de perder, a própria opção por apoiar Neves tem uma lógica clara para o mandatário carioca: se for para ser derrotado em outubro, é melhor que não seja com um candidato de seu próprio partido.