Em certas situações, há uma diferença abissal entre o que os políticos dizem em público e o que armam nos bastidores. Na quarta-feira 29, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, declarou que o presidente Michel Temer não tem a pretensão de disputar a reeleição: “O presidente diz, desde sempre, que cumprirá sua missão se conseguir colocar o Brasil nos trilhos. E, graças a Deus, o Brasil está começando a andar nos trilhos”. Nos gabinetes de Brasília, no entanto, o mesmo Padilha aparece como entusiasta da candidatura de Temer à reeleição. Seu principal parceiro nesse projeto é o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco. Para a dupla, Temer, o mandatário mais impopular desde a redemocratização do país, pode conquistar um novo mandato se reerguer a economia. O crescimento do PIB e do nível de emprego transformaria a rejeição recorde de hoje em votos em 2018.
Não é só a economia que alimenta esse sonho eleitoral. Acusados de cobrar propina, Padilha e Moreira, identificados como “Primo” e “Gato Angorá” nas planilhas da Odebrecht, apostam na reeleição para que eles mesmos, além de Temer, preservem o foro privilegiado.
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