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Janot pedirá anulação de imunidade em delação da JBS

Caso procurador-geral confirme decisão, Joesley Batista e executivos da empresa poderão ser alvos de denúncias à Justiça e pedidos de prisão

Por Da redação
8 set 2017, 16h54

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai pedir a revogação da imunidade do empresário Joesley Batista e dos demais executivos do Grupo J&F após a divulgação de áudios que mostram supostas irregularidades nas delações premiadas da empresa. Joesley tinha obtido o perdão judicial ao assinar acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), em abril. A decisão de Janot pode abrir brecha para que o empresário e os demais executivos sejam alvo de medidas cautelares e até de pedidos de prisão.

Ontem, o procurador-geral passou o dia monitorando, a distância, o depoimento do empresário e dos executivos da J&F Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva. De acordo com a Procuradoria, os três são suspeitos de ocultar informações no processo de colaboração. Em gravação entregue pela própria empresa aos investigadores no dia 31 de agosto, Joesley e Saud falam de suposta influência do ex-procurador Marcelo Miller na negociação da delação e citam os nomes de Janot, de outros procuradores e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Quem esteve com Janot nos últimos dia afirma que ele já está decidido a revogar o benefício dado ao empresário e seus funcionários em razão da gravação. O veredicto final sobre as consequências adotadas pelo procurador-geral deve sair hoje. Ao abrir o processo de revisão da delação do Grupo J&F na segunda-feira, um dia depois de sua equipe ter identificado a conversa, Rodrigo Janot anunciou que os prazos para a realização de diligências se encerravam nesta sexta-feira.

Ontem, os três executivos foram ouvidos na sede da Procuradoria, em Brasília. Joesley negou ter sido orientado por Miller a gravar o presidente Michel Temer e afirmou que o ex-procurador se apresentou a ele como advogado. Marcelo Miller está sendo ouvido na tarde de hoje, na Procuradoria Regional da República no Rio de Janeiro.

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Desde que as conversas vieram a público, aumentou a pressão política para que o empresário e os demais executivos sejam presos. Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse esperar uma decisão “dura” por parte da PGR. “Não tenho dúvida nenhuma de que, nesse caso específico, vai tomar decisão dura como tomou em outros casos”, afirmou.

A delação firmada entre Procuradoria e executivos da J&F prevê perda parcial ou total dos benefícios caso seja comprovado o rompimento do acordo.

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Uma das saídas para os executivos é tentar negociar um outro benefício, mas, de acordo com pessoas próximas, Janot não tem se mostrado disposto a dar mais uma chance a Joesley Batista. O procurador-geral da República tem dito que está extremamente irritado com o empresário e seus executivos.

O procedimento de revisão da delação é conduzido pela subprocuradora Cláudia Sampaio Marques. Para ouvir ontem os delatores, ela convocou outros três colegas, entre eles a procuradora Maria Clara Noleto. Foi Maria Clara quem encontrou, no domingo de manhã, a conversa suspeita em meio ao material entregue por Joesley.

Em nota, a assessoria da J&F informou que Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis estão à disposição para cooperar com a Justiça e que não é possível fornecer detalhes do depoimento “em razão de sigilo”.

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(com Estadão Conteúdo)

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