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Joelsey diz ter pago R$ 110 milhões a Aécio Neves, afirma jornal

Segundo 'O Globo', empresário detalhou à PF como repassou os valores à campanha do tucano e às de partidos aliados em 2014

Por Da Redação Atualizado em 20 abr 2018, 23h23 - Publicado em 20 abr 2018, 23h19

Em depoimentos complementares à sua delação premiada, o empresário Joesley Batista, um dos sócios do Grupo J&F, detalhou à Polícia Federal como repassou 110 milhões de reais à campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República em 2014. Conforme publicou o jornal O Globo nesta sexta-feira, Joesley relatou aos investigadores que o valor, que já havia sido citado nos primeiros depoimentos da delação, foi dividido entre doações oficiais a Aécio e ao PSDB, pagamentos de caixa dois e a partidos que compuseram o arco de alianças do tucano naquela campanha.

Segundo o jornal, o empresário afirmou à PF que o PSDB recebeu 64 milhões de reais deste montante, o PTB ficou com 20 milhões de reais e o Solidariedade, presidido pelo deputado federal Paulinho da Força (SP), embolsou 15 milhões de reais. Os 11 milhões restantes, ainda conforme o depoimento de Joesley Batista publicado por O Globo, foram repassados a campanhas de políticos que apoiavam a candidatura de Aécio ao Planalto.

Em sua nova oitiva, de acordo com o jornal, Joesley apresentou recibos e notas fiscais frias emitidas por empresas utilizadas para repassar os valores não oficiais a partidos e candidatos.

A justificativa dada pelo empresário para os repasses a Aécio Neves e a aliados dele foi a de que os valores destinavam-se a manter uma boa relação e semear benefícios junto ao possível governo do tucano, que “era um candidato em ascensão e, para alguns, seria o próximo presidente da República”. Joesley Batista ainda disse à PF, conforme o jornal, que foi procurado pelo senador depois das eleições para cobrir 18 milhões de reais em dívidas de campanha, valor que teria sido pago a Aécio por meio da compra de um imóvel em Belo Horizonte.

Ao O Globo, o advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, afirmou que Joesley age “de forma desesperada manter seu acordo de delação premiada que aguarda há sete meses para ser discutido pelo STF. E, por isso, mente mais uma vez”. Ainda conforme o defensor, “doações feitas a outros partidos não podem ser considerados de responsabilidade do PSDB tampouco de seu então presidente”.

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‘Mesada’ de R$ 50 mil

Segundo publicou nesta sexta-feira o jornal Folha de S. Paulo, Joesley Batista relatou à PF que contratos de publicidade entre a JBS e a rádio Arco Íris, afiliada da rede Jovem Pan em Belo Horizonte, eram fachada para o pagamento de uma “mesada” a Aécio Neves.

Os pagamentos, de 50.000 reais, eram “para o custeio mensal das despesas” do senador tucano, de acordo com o empresário. Junto com o depoimento, Joesley entregou dezesseis notas fiscais emitidas pela rádio Arco Íris – na qual Aécio era sócio da irmã, Andrea Neves – que trazem a JBS como a empresa contratadora da publicidade.

O empresário diz que não sabe se em algum momento foram veiculadas publicidades do seu grupo, mas que a finalidade dos pagamentos, que somaram 864.000 reais, era pagar propina à família do senador tucano. Nesta semana, Aécio Neves se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de pedir 2 milhões de reais em propina ao mesmo Joesley, a partir de gravações de áudio feitas pelo empresário.

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Neste caso, Aécio diz que o valor – pago em dinheiro vivo, em quatro parcelas semanais de 500.000 reais – era um empréstimo pessoal pedido por ele a Joesley para arcar com o custo de sua defesa em processos da Operação Lava Jato. Ele também argumentou que negociava com o empresário a compra de um apartamento, avaliado em 40 milhões de reais, que pertence à sua mãe e fica no Rio de Janeiro.

Joesley Batista e outros seis executivos do grupo J&F, que controla a JBS, formalizaram um acordo de delação premiada em maio de 2017. Em agosto, depois da revelação da existência de omissões nos depoimentos, o empresário fez um complemento para tentar manter o acordo.

À Folha, o advogado de Aécio, Alberto Toron, afirmou que Joesley se aproveita de “uma relação comercial lícita” para “forjar mais uma falsa acusação”. Toron completa que uma prova nesse sentido é a de que o último pagamento da JBS à rádio Arco Íris foi feito em junho de 2017, portanto, um mês depois da delação.

Pela lei brasileira, acusados que discutem acordos de colaboração não podem cometer novos crimes após o início das negociações.

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A rádio Arco Íris, também ao jornal, questionou o relato de Joesley, dá “caráter político a uma relação estritamente comercial, comprovadamente correta, legal e legítima na prestação de serviços publicitários”. A relação comercial está evidenciada, diz, em e-mails trocados entre o seu setor de marketing e empresas do grupo J&F, em especial Vigor, Itambé e Seara.

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