Joesley depõe em São Paulo sobre venda de ações antes de delação
Polícia Federal apura se empresa de Batista obteve lucros em operações financeiras por ter informações privilegiadas de que a sua delação viria a público
O empresário Joesley Batista, dono da holding J&F, que controla a JBS, foi nesta segunda-feira à sede da Polícia Federal em São Paulo para prestar depoimento sobre a venda de ações nos dias que antecederam a divulgação dos acordos de colaboração premiada firmados com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Joesley vestia roupa social e estava com o cabelo curto, sem as madeixas que usava jogadas para trás antes de se tornar um delator.
Três semanas depois da homologação da delação premiada que implicava o presidente Michel Temer, as empresas da família Batista foram alvo da Polícia Federal que buscava provas de que o grupo supostamente obteve lucros com a compra de dólares e a venda de ações por ter informações privilegiadas de que a sua colaboração viria à público e que, por consequência, a moeda americana ficaria mais cara e os papeis do conglomerado perderiam valor nas horas seguintes.
Estima-se que, apenas com operações de câmbio, o grupo tenha lucrado mais de 600 milhões de reais horas antes do vazamento das primeiras informações sobre a delação. As transações também são investigadas pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Sobre as suspeitas, a J&F sempre afirmou que seguiu a lei que regulamenta as transações e que gerencia de “forma minuciosa e diária a sua exposição cambial”, tendo como objetivo exclusivo “minimizar os seus riscos cambiais”.