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Lava Jato acusa Paulo Preto de propinas de R$ 27 mi em obras da Dersa

Acusação foi apresentada e recebida já nesta sexta-feira; de acordo com os procuradores, engenheiro pedia propina de até 5% em projetos da estatal paulista

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 mar 2019, 21h21 - Publicado em 1 mar 2019, 21h00

A força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo denunciou o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Souza, ex-presidente da Dersa, estatal de engenharia do governo paulista, é suspeito de receber 27 milhões de reais em propinas por obras durante o período em que presidiu a empresa, entre 2007 e 2011.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Paulo Preto cobrava percentuais que iam de 0,75% a 5% em obras realizadas pela empresa. A denúncia, apresentada nesta sexta-feira, 1º, já foi recebida pelo juiz federal Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Federal Criminal e inclui outras nove pessoas, das quais oito são pessoas que firmaram delações premiadas.

Pelos crimes de corrupção, o MPF estima a pena a entre 8 e 64 anos de prisão. Por lavagem de dinheiro, de 39 a 130 anos. Portanto, se os pedidos forem aceitos, a pena ao ex-diretor da Dersa pode se aproximar de 200 anos de prisão. Nesta quinta-feira, 28, Paulo Vieira de Souza já foi condenado pela juíza Maria Isabel do Prado, da Justiça de São Paulo, a 27 anos de prisão, dos quais sete em regime fechado, por cartel e fraude em licitações no Rodoanel Sul e em obras da Prefeitura de São Paulo.

Paulo Preto é suspeito de ser operador financeiro de propina para políticos do PSDB e alvo, ao todo, de ao menos seis inquéritos diferentes. Além deste, ele é réu por um desvio de 7,7 milhões de reais de um programa de reassento de pessoas afetadas pelas obras da Dersa.

Foi preso duas vezes em 2018, libertado por decisões do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Neste ano, voltou a ser detido, alvo da 60ª fase da Lava Jato no Paraná, que investiga suspeitas da sua atuação como operador de propinas para a empreiteira Odebrecht.

Na mesma operação, foi alvo de mandados de busca o ex-senador Aloysio Nunes (PSDB), que era secretário-chefe da Casa Civil de São Paulo durante o período em que Souza comandou a estatal, nas gestões dos ex-governadores José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. Depois da repercussão da investigação, Aloysio deixou o cargo de presidente da Investe SP, que exercia na gestão do atual governador, João Doria (PSDB).

Procurada, a defesa de Paulo Vieira de Souza não se manifestou até a publicação desta nota. O engenheiro e ex-presidente da Dersa sempre negou qualquer ilícito à frente da estatal paulista.

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