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Lava Jato de SP faz operação contra desvios nas obras do Rodoanel

Investigação da Polícia Federal apura se aditivos em contratos para a obra foram feitos para aumentar os valores pagos às empreiteiras responsáveis

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2018, 13h36 - Publicado em 21 jun 2018, 07h45

A Polícia Federal realiza, na manhã desta quinta-feira, 21, a operação Pedra no Caminho, investigação da Operação Lava Jato em São Paulo que apura desvios em obras do trecho norte do Rodoanel, a partir da celebração de aditivos contratuais, aumentos no custo total. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), estimativas do Tribunal de Contas da União (TCU) apontam um sobrepreço de mais de 600 milhões de reais no valor da obra.

Um dos 15 alvos de mandados de prisão temporária na ação da PF é Laurence Lourenço Casagrande, ex-presidente da Dersa, estatal de engenharia do governo de São Paulo, ex-secretário de Logística e Transportes na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e atual presidente da Cesp, companhia de energia do governo estadual. Há duas semanas, VEJA antecipou, com exclusividade, que Lourenço era investigado por esses aditivos e também pela subcontratação irregular de outras empresas.

Além dele, outros ex-diretores da Dersa, das construtoras OAS e Mendes Júnior, empresas responsáveis pelas obras e gestores dos contratos sob suspeita também são alvos da operação. Além dos mandados de prisão, são cumpridas 51 ordens de busca e apreensão.

O caso é investigado pela PF desde 2016, quando um ex-funcionário de uma das empresas que atuou nas obras denunciou possíveis manipulações nos aditivos dos contratos do trecho, para aumentar o valor pago pela construção. A construção do trecho norte do Rodoanel foi feita com recursos do estado, da União e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

De acordo com as investigações, os aditivos foram produzidos para contemplar gastos que já estariam no projeto inicial. “As investigações apontam que aditivos contratuais, relacionados principalmente à fase de terraplanagem da obra, incluíam novos serviços para efetuar a remoção de matacões (rochas) misturados ao solo. As provas produzidas no inquérito policial indicam que era previsível a existência de matacões no solo e, portanto, o projeto inicial já contemplaria o custo de sua remoção”, diz a nota da PF.

Os mandados são cumpridos em cidades dos estados de São Paulo e do Espírito Santo, por decisão da 4ª Vara Federal de São Paulo. “Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de fraude à licitação, estelionato contra o Poder Público, falsidade ideológica e associação criminosa”, completou o órgão.

Em nota conjunta, a Dersa e o Governo de São Paulo disseram ser “os maiores interessados acerca do andamento do processo”. “Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões”, completam os órgãos. Procurada por VEJA, a Companhia de Energia de São Paulo (Cesp), atualmente presidida por Laurence Lourenço, disse, em nota, que não vai se pronunciar “porque os fatos, alvos da operação, não aconteceram no âmbito da Empresa, nem no período em que o Sr. Laurence Casagrande Lourenço preside a Companhia”.

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