A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman (PR), declarou nesta segunda-feira em Porto Alegre que a Operação Lava Jato e outras investigações anticorrupção em curso no país “não levam em conta bases legais” e são responsáveis por mortes, incluindo a da ex-primeira dama Marisa Leticia Lula da Silva, que morreu em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) em fevereiro de 2017.
“São responsáveis por mortes sim. São responsáveis pela morte do Cancellier (Luiz Carlos Cancellier de Olivo, ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina), são responsáveis pela morte da dona Marisa”, disse a petista, que é ré em um processo da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
O então reitor da UFSC se suicidou após ter sido preso pela Polícia Federal na Operação Ouvidos Moucos, que não tem relação com a Lava Jato. O único ponto em comum é que a delegada Érika Mialik Marena, responsável pela prisão de Cancellier, já foi coordenadora da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Marisa Leticia respondia a duas ações penais decorrentes das investigações contra o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após o falecimento, o juiz Sergio Moro decretou a punibilidade extinta em ambos os processos.
As declarações de Gleisi foram dadas em um ato de juristas e intelectuais em apoio a Lula, em Porto Alegre. Na semana passada, repercutiu mal a fala da senadora ao site Poder 360 de que, para prender o ex presidente, “vão ter que matar gente”. Lula terá seu recurso contra a condenação por Moro a nove anos e meio de prisão em um processo da Lava Jato julgado na quarta feira, 22, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), sediado na capital gaúcha. O caso envolve um tríplex no Guarujá, supostamente dado ao petista e reformado pela empreiteira OAS.
“Nós não ficaremos quietos, será luta todos os dias. Nós vamos fazer luta, não pensem eles que, porque somos pacíficos, seremos passivos” disse Gleisi, referindo-se a uma possível condenação de Lula em segunda instância.
Na mesma manifestação, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT no Senado, conclamou a militância a partir para a “luta nas ruas” porque só a “luta institucional” não seria o bastante. Ele citou o ex-governador Leonel Brizola, morto em 2004, que completaria 96 anos nesta segunda feira, como um exemplo de resistência política, lembrando a Rede da Legalidade, cadeia de emissoras de rádio que lutou pela posse de João Goulart como presidente, em 1961.