A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira João Paulo de Pinho Lopes em um desdobramento da operação Lava Jato no Rio de Janeiro. A ordem de prisão foi determinada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do estado. Ele foi citado nas colaborações premiadas de Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transportes do governo de Sérgio Cabral, e dos doleiros Vinícius Claret, conhecido como Juca, e Claudio Fernando de Souza, o Tony.
No acordo homologado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, Velloso afirmou ter usado uma conta na corretora Advalor, da qual João Paulo Pinho Lopes é sócio, para movimentar valores em benefício de Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e para Júlio Lopes, deputado federal pelo PP-RJ e ex-secretário de Transportes do Rio. Os dois não são alvos da operação de hoje e, como têm foro privilegiado, são investigados em outras instâncias.
Segundo pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal (MPF) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, a empresa Advalor de João Paulo teria sido utilizada para possibilitar pagamentos de propinas de empreiteiras, “como uma espécie de instituição financeira para armazenar recursos ilícitos de agentes públicos, bem como efetivar pagamentos em seu favor”.
No documento, os procuradores apontam os motivos pelo deferimento de medidas cautelares contra João Paulo. “Há prova da existência de materialidade e indícios suficientes de autoria dos crimes de lavagem de dinheiro, tendo em vista que até a presente data os recursos ilícitos provenientes da ação criminosa de Luiz Carlos Velloso e outros agentes públicos a ele relacionados permanecem sendo ocultados.”
O MPF justifica o pedido de prisão preventiva para garantir a ordem pública, conveniência da instrução criminal e assegurar a aplicação da lei. O pedido, aceito por Bretas, foi subscrito por 11 procuradores, da força-tarefa da Lava Jato no Rio.
A corretora Advalor foi alvo de buscas da Polícia Federal em março de 2017, em uma das fases da Lava Jato. A empresa foi citada nas delações premiadas por diversos colaboradores como um grupo que atuava em lavagem de dinheiro e pagamento de propinas em contratos da Petrobras com empreiteiras.
Velloso é investigado em um processo que apura se houve corrupção na construção da Linha-4 do Metrô do Rio de Janeiro. Segundo o MPF, a Secretaria de Transportes mantinha um esquema de cobrança de propinas das empreiteiras e, em depoimento, ele disse que 3,5 milhões de reais em propinas pagas por empreiteiras passaram pela corretora. Os valores, ainda segundo o delator, teve como destino a campanha de Julio Lopes, além de pagar despesas pessoais dele e do deputado.
O ministro do TCU Augusto Nardes já foi alvo de um mandado de busca e apreensão determinada por Dias Toffoli em ação que também teve como base a delação de Velloso. Além de ex-deputado do PP, Nardes também foi o relator do processo das “pedaladas fiscais na corte”, que serviu de base para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Outro lado
O ministro Augusto Nardes manifestou-se por meio de secretaria de comunicação do TCU. Ele afirmou que “nunca foi relator das obras da linha 4 do metrô do Rio de Janeiro, jamais teve qualquer relação com a corretora de valores mencionada e não conhece a pessoa objeto do mandado de prisão. O ministro refuta veementemente as ilações veiculadas e informa que está à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários, como qualquer cidadão.”
A defesa do deputado Julio Lopes também afirmou que ele “não tem nenhuma relação com os fatos em apuração, bem como com os alvos da operação policial de hoje.”
(com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)