Em sua primeira manifestação pública após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) disse que é preciso ter “muita paciência, compreensão e sensibilidade com o que está acontecendo com o PT e com o Lula”. Ministro no primeiro mandato do petista no Palácio do Planalto, Ciro evitou comentar sua ausência nos atos que antecederam a prisão do ex-presidente, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).
“A lei severa no Brasil só vale para um lado. A lei severa é muito boa se valer para todos”, afirmou, antes de criticar o Supremo Tribunal Federal (STF): “É muito exótico que havendo uma tese e pendente deliberação haja se optado pela apreciação de um caso em concreto”. A Corte votou o habeas corpus de Lula antes das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) contra a possibilidade de prisão de réus condenados em segunda instância.
As declarações do pré-candidato do PDT à Presidência foram dadas durante coletiva de imprensa do Fórum da Liberdade, evento com público formado majoritariamente por empresários, realizado na noite desta segunda-feira (9) em Porto Alegre.
Ciro Gomes também criticou indiretamente a ministra do STF Rosa Weber, cujo voto foi decisivo no julgamento que negou o habeas corpus preventivo para evitar a prisão de Lula. O pré-candidato declarou ser “muito exótico que um voto seja dado contra as próprias convicções do magistrado”.
Na sessão do Supremo na última quarta-feira (4), Rosa votou contra o habeas corpus do ex-presidente pelo “princípio da colegialidade” e para que a jurisprudência do STF sobre as prisões em segunda instância, firmada em 2016, não fosse desrespeitada. A ministra, no entanto, afirmou que caso estivesse em julgamento uma das ADCs, votaria contra as prisões após segunda instância.
Perguntado sobre como pretende tirar votos do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), líder das pesquisas de intenção de voto que não têm Lula entre os candidatos, Ciro se limitou a dizer: “Deixa comigo”.