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Lobista cita a Moro propina de R$ 11,5 mi a Renan e Jader

Dinheiro, que também teria beneficiado o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), teria vindo da contratação de dois navios-sonda da Petrobras; senadores negam

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 18h47 - Publicado em 19 jul 2017, 22h36

O lobista Jorge Luz, preso desde fevereiro pela Operação Blackout, 38ª fase da Operação Lava Jato, afirmou ao juiz Sergio Moro, em depoimento nesta quarta-feira, que os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) receberam propinas de 11,5 milhões de reais a partir de contratos de dois navios-sonda da Petrobras.

O dinheiro teria sido pago a pedido de Fernando Baiano, um dos operadores do PMDB, em troca de sustentação política a dois diretores da Petrobras – Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Nestor Cerveró (Área Internacional) -, que estariam “balançando” nos cargos entre o final de 2005 e o começo de 2006. Considerados peças fundamentais no petrolão, os dois ex-diretores da estatal se tornaram delatores da Lava Jato.

Conhecido como “operador dos operadores”, Jorge Luz disse ao magistrado que conhece Renan e Jader desde os anos 1980 e, por isso, topou aproximá-los, com a ajuda de Baiano, dos diretores da estatal. Preso sob a acusação de ter intermediado R$ 2,5 milhões de propinas da empreiteira Schahin a funcionários da Petrobras, Luz e seu filho, Bruno – também preso -, não são delatores, mas aceitaram colaborar com a Justiça nesse processo.

“Havia um pedido alto para que houvesse esse apoio [aos diretores], o apoio se traduziria em ajuda financeira e em uma oportunidade de que esses políticos pudessem participar de operações que viessem a surgir no decorrer do tempo”, disse. Segundo ele, houve uma reunião para discutir o caso. “Estávamos eu, o Cerveró, o Paulo Roberto Costa, o Aníbal, o Jader. Eu não tenho certeza se o Renan estava”, disse, ressaltando que Renan havia participado de uma outra reunião anterior.

De acordo com Luz, o deputado Aníbal Gomes indicava a Fernando Baiano as contas que deveriam receber propina e Baiano repassava a informação ao lobista Júlio Camargo, representante da Samsung e da Toyo Setal e responsável pela execução dos pagamentos. Como eram comuns atrasos nos repasses, a relação entre políticos e operadores sofria “desgastes”, segundo o lobista. A “conta do PMDB” indicada por Gomes e que receberia o dinheiro sujo, de acordo com Jorge Luz, se chamava Headliner e era mantida em um banco em Lugano, na Suíça.

“O controle dos 11 milhões eu não tenho porque eu não participei. Eu participei de toda a estruturação e, quando, em determinado momento, a relação passou a ficar muito difícil, eu passei a ser intermediário na recepção das contas que o Aníbal passava e eu entregava ao Fernando. Isso foi feito. Os 11 milhões e meio vieram”.

Como possuem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF), Renan, Jader e Gomes não podem ser julgados por Sergio Moro.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o senador Jader Barbalho afirmou que “nunca teve conta na Suíça e que cabe a Jorge Luz provar ao juiz os depósitos, o número da conta e as datas. Também diz que conhece Jorge Luz, mas jamais teve algum tipo de negócio. Diz ainda que isso é declaração de criminoso que deve ser investigada pela Justiça”. Já Renan Calheiros diz que “conheceu Jorge Luz há mais de 20 anos e desde então  nunca mais o encontrou. Diz ainda que não conhece nenhum dos seus filhos. Há 20 dias, o senador prestou depoimento ao juiz Sergio Moro como  testemunha de Luz e reafirmou que a citação a seu nome é totalmente infundada”.

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