Lúcio Funaro fecha acordo de delação, diz jornal
Procuradores esperam que informações de doleiro ajudem a engrossar nova denúncia contra o presidente Michel Temer
Apontado pelas investigações da Operação Lava Jato como operador de propinas para o PMDB, o doleiro Lúcio Funaro acertou os termos do seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), segundo o jornal O Estado de S.Paulo. Preso desde a deflagração da Operação Cui Bono?, em julho de 2016, Funaro teria tipo atuação conjunta ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB), também preso.
Nesta segunda-feira, o doleiro foi transferido da Penitenciária da Papuda para a carceragem da Polícia Federal em Brasília. A mudança costuma ser feita para facilitar as tratativas de delação entre presos e procuradores. De acordo com as informações do Estado, os termos do acordo foram acertados em uma reunião realizada na noite desta segunda-feira. Agora, os benefícios e contrapartidas serão oficializados em um documento e posteriormente assinados.
A última fase antes da entrada do acordo em validade é a homologação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que não tem prazo para ocorrer. Em julgamento que decidia sobre a delação do grupo JBS, o STF decidiu que os acordos só poderão ser contestados após a homologação caso o colaborador não entregue as informações que prometeu durante as negociações.
A expectativa dos investigadores é que as informações do doleiro contribuam para uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). Reportagem desta semana de VEJA revela que Lúcio Funaro e Eduardo Cunha prometiam ambos ter informações capazes de comprometer o presidente, sobretudo em relação à arrecadação de valores para a bancada do PMDB na Câmara. Por esse motivo, travavam um duelo para fechar um acordo de delação e usufruir de seus benefícios: com as mesmas coisas a dizer, não faria sentido para a Procuradoria-Geral da República (PGR) que ambos colaborassem.
Em março, durante entrevista a VEJA, Lúcio Funaro declarou ter se encontrado pessoalmente com Michel Temer, mas o presidente alega que não o conhece. No último dia 2, a Câmara dos Deputados recusou a autorização para que Temer fosse processado a partir de uma primeira denúncia por corrupção passiva apresentada pela PGR. O presidente ainda é alvo de inquéritos por organização criminosa e obstrução de Justiça.