Durante discurso em Florianópolis (SC) neste domingo (18), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu votos para parlamentares de seu partido e afirmou que, se eleito, vai dar “um jeito” no centrão – grupo formado por diversas legendas que sempre apoiaram a gestão petista e hoje caminha ao lado do presidente Jair Bolsonaro, outro antigo crítico do conglomerado de legendas.
“É preciso votar nos nossos deputados do chamado time do Lula, dos partidos que me apoiam. Porque se a gente ganhar, a gente vai ter que dar um jeito no centrão, a gente vai ter que mexer no Orçamento secreto”, afirmou o candidato à Presidência.
A fala reforça uma estratégia de Lula de tentar montar uma bancada grande no Congresso em busca de uma sustentação em um eventual governo. Apesar da declaração, a formação de uma aliança com os partidos de centro é dada como certa caso o ex-presidente volte ao Planalto.
Atualmente, estão na coligação de Bolsonaro, que é filiado ao PL, o Progressistas (PP) e o Republicanos. As três legendas foram aliadas nos governos Dilma Rousseff e Lula.
Também no discurso, Lula disse que precisava “desmentir” que Santa Catarina seria “terra” de Bolsonaro. “Eu queria pedir ao companheiro Dario [Berger] e para o companheiro Randolfe [Rodrigues] que quando o Senado voltar a funcionar levem a fotografia aérea desse encontro aqui para ele saber que na vida política dele, nem que ele gaste o Orçamento secreto inteiro, ele vai conseguir juntar a quantidade de gente que tem hoje aqui nessa praça”, afirmou.
Vice de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin também esteve no evento. Em breve discurso, chamou, sem nominar diretamente, Bolsonaro de “tchutchuca”. Em agosto, o presidente se irritou ao ser chamado de “tchutchuca do centrão” por um youtuber. “Eu cheguei aqui e perguntei: qual foi a obra do tchutchuca? Nenhuma”, ironizou Alckmin.
A ex-presidente Dilma Rousseff foi outra a participar do comício em Florianópolis. No palco, Dilma atacou a política de Bolsonaro voltada às mulheres – nicho que, conforme as pesquisas, resiste a apoiar a reeleição do presidente. A petista também relembrou quando o então deputado citou o torturador coronel Brilhante Ustra durante a votação do processo de impeachment.
“Ele votou a favor de um torturador reconhecido internacionalmente como torturador, e isso nós não podemos desculpar. Porque o país tem de ser civilizado para o povo ser civilizado. Se começam a defender a morte, se começam a defender as armas, pura e simplesmente por defender (…), você acaba criando esse clima horrível que existe no nosso país”, disse.