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Lula passa por ‘momento mais difícil’ na prisão após eleições, diz Haddad

Em entrevista ao jornal 'Folha de S.Paulo', ex-prefeito também criticou Escola sem Partido e afirmou que voto evangélico foi decisivo em sua derrota

Por Redação
Atualizado em 26 nov 2018, 17h49 - Publicado em 26 nov 2018, 08h41

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, candidato derrotado à Presidência da República pelo PT, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há quase oito meses em Curitiba, passa por um “momento mais difícil” na prisão após a eleição presidencial. Condenado em segunda instância a doze anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula foi barrado na disputa pelo Palácio do Planalto com base na Lei da Ficha Limpa. Ele liderava as pesquisas de intenção de voto.

“Eu acredito que o Lula pós-eleição está num momento mais difícil. Mas a capacidade de regeneração dele é grande. Já superou um câncer, a perda da esposa, a privação de liberdade”, declarou o ex-prefeito.

Advogado do ex-presidente, Haddad tem livre acesso a ele na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Durante a campanha no primeiro turno, quando buscava transferir para si os votos de Lula, o ex-prefeito o visitava semanalmente. No segundo turno, mas deixou de fazê-lo para se afastar da rejeição de parte expressiva do eleitorado ao ex-presidente. No início de novembro, Haddad se encontrou com Lula pela primeira vez na prisão após as eleições.

Questionado sobre quais perspectivas o PT enxerga para a soltura de seu líder máximo, o ex-prefeito paulistano disse que “não saberia responder” e reiterou o discurso petista de que a liberdade do ex-presidente “se confunde” com a defesa do estado democrático de direito. Na sexta-feira, 23, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Felix Fischer negou monocraticamente uma apelação da defesa de Lula para que ele fosse absolvido. Cabe recurso.

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Na entrevista ao jornal, Fernando Haddad, que também foi ministro da Educação em governos petistas, criticou o projeto Escola sem Partido, defendido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que visa a coibir suposta doutrinação ideológica em escolas e universidades.

Questionado se Bolsonaro representa um risco à democracia, Haddad citou a tese do professor português Boaventura de Souza Santos de que atualmente há “sistemas híbridos”, em que “o viés antidemocrático pode se manifestar por dentro das instituições”. O Escola sem Partido foi classificado pelo petista como exemplo de “projeto autoritário que está nascendo dentro da democracia”.

“O STF pode barrá-lo. Os pesos e contrapesos de uma República moderna vão operar? Se não operarem, você tem o modelo híbrido, com o autoritarismo crescendo por dentro. Estamos já vivendo em grande medida esse modelo. Quando um presidente eleito vem a público num vídeo dizer que os estudantes brasileiros têm que filmar os seus professores e denunciá-los, você está em uma democracia ou em uma ditadura?”, indagou.

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Ainda sobre a eleição de Bolsonaro, Haddad disse que “achava que a elite econômica não abriria mão do verniz que sempre fez parte da história do Brasil. As classes dirigentes nunca quiseram parecer ao mundo o que de fato são”.

O petista ainda citou estudos segundo os quais, se ele tivesse entre os evangélicos o mesmo porcentual de votos que recebeu fora desse nicho, teria vencido a eleição. “A pauta regressiva afeta esse mundo de forma importante. Há um fenômeno evangélico sobre o qual temos que nos debruçar. Não podemos dar de barato que essas pessoas estão perdidas. A Ética Protestante e o Espírito Capitalista é um clássico do Max Weber. A gente deveria pensar na ‘ética neopentecostal e o espírito do neoliberalismo’”, declarou.

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“Assim como no final da ditadura foi possível abrir um canal de diálogo com a Igreja Católica, a esquerda tem agora o desafio de abrir um canal com a igreja evangélica, respeitando suas crenças”, completou.

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