Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediram nesta quinta-feira ao juiz federal Sergio Moro a suspensão do interrogatório do petista agendado para o dia 13 de setembro, assim como o de todas as testemunhas de defesa. O depoimento se refere ao processo em que ele é acusado de corrupção passiva por propinas pagas pela empreiteira Odebrecht na compra de um terreno na Zona Sul de São Paulo. A propriedade seria destinada à futura sede do Instituto Lula, o que no fim acabou sendo construída em outra lugar.
A defesa pediu mais tempo ao magistrado, pois o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná anexou novos documentos ao processo no dia 3 de agosto, o que os advogados consideraram como um ato de má fé. “O órgão acusador incorre em verdadeira deslealdade processual, evidenciando a tentativa consciente e deliberada de prejudicar a defesa do Peticionário, configurando evidente abuso do direito previsto em lei”, diz o texto assinado pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins.
Os documentos estão relacionados a informações contidas na mega-delação premiada de executivos da Odebrecht, que foi firmada pela Procuradoria-Geral da República, em Brasília, e remetida posteriormente à 13ª Vara Federal de Curitiba, presidida por Moro.
Os advogados argumentam que os papeis foram apresentados “tardiamente” após a realização de 34 audiências e a oitiva de 97 testemunhas. E que precisariam de mais tempo para chamar as testemunhas novamente para serem interrogadas sobre o material específico. Além disso, a defesa reclama de que os anexos foram incluídos “sem qualquer indicação de origem” e que devem passar por uma perícia.
O ex-presidente Lula iniciou nesta quinta-feira em Salvador uma caravana pelo Nordeste, a primeira de muitas que deve fazer pelo Brasil até as eleições de 2018. Líder nas pesquisas de intenção de voto, ele já declarou publicamente que será candidato em 2018. Para que o plano se concretize, no entanto, ele não pode ter a condenação expedida por Moro no processo do tríplex do Guarujá confirmada em segunda instância pelo tribunal Regional Federal da 4ª região, o que o tornaria ficha-suja. Além das ações do tríplex e do terreno do Instituto Lula, o ex-presidente também é processado em Curitiba por ter supostamente recebido propina na reforma de um sítio em Atibaia (SP).