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Lula queria comprar sítio de Atibaia, diz Paulo Okamotto a Moro

Presidente do Instituto Lula falou como testemunha e relatou que intenção de compra foi discutida em almoço em 2015

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2018, 21h01 - Publicado em 7 Maio 2018, 17h45

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, prestou depoimento nesta segunda-feira (7) ao juiz federal Sergio Moro, no processo que apura se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu propina de empreiteiras por meio de obras em um sítio em Atibaia (SP), frequentado pelo petista e sua família. Ouvido na condição de testemunha, Okamotto afirmou que Lula pretendia comprar a propriedade no interior paulista como um “presente” à ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, que morreu em fevereiro de 2017.

A intenção de adquirir o sítio do empresário Fernando Bittar, conforme Paulo Okamotto, foi discutida em um almoço na sede do Instituto Lula, em 2015. “O presidente Lula, já há algum tempo, ele achava que precisava comprar o sítio como presente pra dona Marisa. Ele estava com um pouco de dúvida, mas ele tinha essa intenção. Eu sei que o tema que seria tratado era esse tema. Eu não participei desse almoço, mas fiquei sabendo que essas coisas foram tratadas, sim”, disse Okamotto, respondendo a uma pergunta da advogada de Bittar, Ingrid de Oliveira Ortega.

Fernando Bittar, ex-sócio de Fábio Luís Lula da Silva, o filho mais velho do ex-presidente, é um dos proprietários formais do sítio Santa Bárbara, adquirido por ele em 2010. O presidente do Instituto Lula também disse que a propriedade era de Bittar e que foi até lá algumas vezes acompanhado apenas do empresário, sem que Lula estivesse presente, porque também tem um sítio na região.

Okamotto ainda relatou que participou de algumas festas no Santa Bárbara a convite de Marisa Letícia. “Também fui em várias festas aí, convidado por ele [Fernando Bittar], convidado pela dona Marisa, festa junina, também fui outras vezes, quando o presidente Lula estava chegando e eu precisava falar com o presidente, queria ter uma conversa com o presidente, ele dizia que estava indo pro sítio e ele acabava me encontrando lá”, declarou.

Segundo a força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava Jato, o Sítio Santa Bárbara recebeu benfeitorias e reformas no valor de 1 milhão de reais, feitas pelas empreiteiras Odebrecht, OAS e Schahin, entre o fim de 2010 e o início de 2011, para beneficiar Lula, que deixava a Presidência da República.

Uma minuta de venda do sítio, datada de 2012 e apreendida no apartamento do petista em São Bernardo do Campo (SP), em março de 2016, na Operação Aletheia, mostra que Lula e Marisa comprariam a propriedade por 800.000 reais.

O cartorário João Nicola Rizzi, também ouvido como testemunha no processo, afirmou ter preparado duas novas minutas de venda da propriedade em 2016, a pedido de Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente. Em uma deles, figuravam como vendedores de “um quinhão de terras” do sítio Fernando Bittar e sua esposa, Lilian, em uma transação no valor de 1.049.500 reais (veja aqui o documento). Na outra minuta de escritura, no valor de 662.150 reais, o vendedor de outro “quinhão de terras” na propriedade seria Jonas Suassuna, o outro proprietário do sítio (veja aqui o documento).

Em ambas, os nomes dos compradores estão em branco. Segundo o depoimento de Rizzi, contudo, Teixeira lhe disse que os espaços seriam preenchidos com os nomes de Lula ou de Marisa Letícia.

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